Projeções

Para Luiz Marinho, PT pode dobrar bancadas federal e estadual em São Paulo

Ex-ministro acredita que força da candidatura de Fernando Haddad ao governo paulista ajudaria legenda a eleger mais deputados federais e estaduais em 2022

Reprodução
Reprodução

São Paulo – Tida como prioridade no PT, a eleição parlamentar de 2022 vem sendo discutida na legenda e estratégias para aumentar as bancadas nos estados tem sido traçadas. Em São Paulo, o ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social e ex-prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho acredita que o partido pode dobrar o atual número de deputados federais e estaduais.

“Não basta simplesmente pensar na eleição do governador e do presidente da República, e o PT vem estimulando o debate em todos os estados. Em São Paulo, estamos montando nossa chapa buscando nos fortalecer, do ponto de vista do potencial eleitoral, abrindo espaço para todos os segmentos que tenham lideranças fortes e queiram exercitar essa experiência eleitoral para representar no parlamento as várias temáticas e escalando nossos quadros que têm grande potencial regionalmente”, pontua, em entrevista a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual. “Todos os candidatos a prefeito que tiveram bom desempenho estão sendo escalados para serem candidatos a deputado estadual ou federal. Tenho grande esperança de, nesta eleição de 2022, dobrarmos nossa bancada tanto federal quanto estadual.”

Marinho destaca que o PT tem hoje oito deputados federais – Orlando Silva, do PCdoB, foi eleito na mesma coligação – e dez estaduais. Com o bom percentual que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad tem apresentado nas pesquisas para o governo do estado, o ex-ministro acredita que possa haver um quadro semelhante ao de 2002, quando o então candidato a governador José Genoino foi ao segundo turno contra Geraldo Alckmin e o PT elegeu 23 deputados estaduais e 18 deputados federais.

O fato de o PT ter alcançado seu melhor resultado na preferência partidária desde 2013, de acordo com pesquisa Datafolha realizada entre 13 e 16 de dezembro, também ajudaria os candidatos ao parlamento, de acordo com Marinho. Segundo o instituto, o partido é o preferido de 28% dos entrevistados.

Federação partidária e reforma trabalhista

Em relação à possibilidade de a legenda integrar uma federação partidária, o ex-ministro ressalta que “pessoalmente, adoraria que o PT não participasse”, embora avalie que um agrupamento no campo da esquerda “apresentaria uma identidade que possa pensar o Brasil de forma mais ampla”.

“Isso vai depender muito do debate em torno da aliança que vai sustentar a candidatura do ex-presidente Lula. Se para isso for fundamental a federação, não vejo nenhum problema”, pontua Marinho.

No entanto, ainda sobre a possível composição com outras legendas, o petista vê a candidatura de Fernando Haddad ao governo do estado como irreversível. “Podemos apoiar o PSB em vários estados, mas em São Paulo não há a mínima possibilidade de retirar a candidatura do Haddad”, aponta.

Marinho também abordou a questão de uma revisão da reforma trabalhista, a exemplo do que vem sendo discutido na Espanha. Após mudanças realizadas em 2012, que serviram de inspiração para o que foi implementado no Brasil a partir de 2017, o governo espanhol reverteu parte da legislação por meio de um decreto-lei real, espécie de medida provisória, com as regras entrando em vigor imediatamente até que sejam ratificadas pelo Legislativo.

“O pessoal tem me perguntado, especialmente em plenárias de trabalhadores, se é possível a gente resgatar direitos, e tenho dito que sim, é plenamente possível. Perguntam se é possível rever a reforma trabalhista, e digo que sim, não necessariamente voltando ao que era. Se você derruba uma casa para reconstruir, não vai reconstruí-la do mesmo jeito, assim também é nas políticas públicas. É preciso, a partir da realidade atual, reconstituir a legislação trabalhista para garantir direitos, oportunidades, uma relação madura entre trabalhador e empregador, de forma que o processo de negociação seja valorizado”, explica.

Confira a íntegra da entrevista de Luiz Marinho