eleições 2022

Conversas entre Rede e Psol para formar federação estão evoluindo

Apesar das críticas do Psol a uma possível aliança de Lula com Geraldo Alckmin, partido não deve deixar de dar seu apoio ao ex-presidente. E, para a Rede, federação pode significar a sobrevivência

Jefferson Rudy/Agência Senado
Jefferson Rudy/Agência Senado
Randolfe Rodrigues é um dos dois únicos parlamentares da Rede hoje com mandato no Congresso Nacional

São Paulo – Uma federação partidária formada por Rede Sustentabilidade e Psol é hoje uma possibilidade concreta. Em dezembro, a Rede havia decidido por unanimidade iniciar “oficialmente” o entendimento com o PSOL nesse sentido, segundo informou em sua página na internet. As conversas tinham esfriado devido à proximidade das eleições, já que algumas figuras da legenda de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), como a ex-senadora alagoana Heloísa Helena, e principalmente Marina Silva, teriam muitas dificuldades em apoiar o ex-presidente Lula, por óbvios problemas do passado.

Helena foi expulsa do PT em 2003 e Marina, ministra do Meio Ambiente de 2003 a 2008, saiu do governo como desafeta do então presidente e anunciou que deixaria o partido em 2009. Integrantes da Rede vinham afirmando nos bastidores que essas e outras divergências tornariam impraticável uma federação, caso o apoio a Lula fosse uma condicionante. Hoje, a ex-senadora, conhecida por sua verve, pode se candidatar a uma vaga na Câmara dos Deputados. A ex-ministra do Ambiente é ventilada como possível vice em chapa com Ciro Gomes.

As conversas para formação da federação “estão andando” e com boas chances de chegar a bom termo, segundo afirmaram fontes do Psol à reportagem. Apesar das críticas, como as feitas por Guilherme Boulos, a uma possível aliança de Lula com o ex-governador Geraldo Alckmin, o partido não deve deixar de dar seu apoio ao ex-presidente. A legenda, aliás, não tem um nome para lançar à presidência da República, já que Boulos disputará o governo de São Paulo.

Questão de sobrevivência

A federação interessa mais à Rede, que joga com uma questão de sobrevivência. Como ocorre com os partidos individualmente, uma federação precisa eleger pelo menos 11 deputados federais em 2022 para cumprir a cláusula de barreira. Ou conseguir, no mínimo, 2% dos votos válidos na eleição para a Câmara, com 1% dos votos válidos em ao menos nove estados.

Na eleição de 2018, o Psol conseguiu 2,85%. Mas a Rede, hoje, tem apenas uma deputada federal, Joenia Wapichana (RR), e um senador, Randolfe Rodrigues. A federação, portanto, pode significar a sobrevivência da Rede.

No texto de dezembro, o partido de Randolfe afirmou considerar cinco diretrizes programáticas que devem nortear o debate em que coloca a possibilidade da federação: a oposição radical e sistemática ao governo de Jair Bolsonaro; mudança do modelo de desenvolvimento visando a construção de um projeto de desenvolvimento includente e sustentável; urgência de responder institucionalmente à crise climática, e com um agenda política; luta incondicional pela plena restauração democrática; e a defesa intransigente aos direitos dos povos indígenas como previsto na Constituição de 1988. Nenhuma dessas diretrizes parece ser contrária às teses do Psol.