Pré-candidato rebelde

Ciro oficializa pré-candidatura, cita Brizola, denuncia ‘direita criminosa’ e Moro ‘suspeito’

Em discurso de 5.700 palavras, centenário de Brizola, fundador do PDT, é lembrado duas vezes. Ciro detona direita criminosa, critica Lula e disputa com Moro lugar na terceira via

Reprodução/Youtibe
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"Quero continuar a ampliar e modernizar a grande obra de Brizola em várias áreas”

São Paulo – O PDT aprovou nesta sexta-feira (21) o lançamento de pré-candidatura do ex-governador do Ceará Ciro Gomes à presidência da República. A convenção ocorre na véspera do centenário de Leonel Brizola. Com o slogan “Ciro Gomes, a rebeldia da esperança”, o ex-ministro inaugura nova fase da pré-campanha, idealizada pelo publicitário. E dessa maneira, tenta se credenciar a um lugar no segundo turno das eleições deste ano. “Quero renovar minha crença na rebeldia e na esperança encarnadas no povo brasileiro”, disse. Em seu discurso de 5.700 palavras, Ciro dedicou duas delas a Brizola, fundador da legenda em 1980.

Na primeira menção, ao falar da necessidade de iniciativas “urgentes e amplas” para o Brasil “resgatar seu povo”, o que não acontecerá, segundo ele, com “governos de autoritários de toga ou de profissionais do conchavo”. Ciro afirmou, em seguida, almejar uma democracia “aperfeiçoada e modernizada”. “É sem dúvida o que vai ocorrer neste ano glorioso de 2022, quando comemoramos o Bicentenário da Independência e o centenário do nosso líder imortal, Leonel Brizola”, disse Ciro. Brizola foi um dos remanescentes do trabalhismo protagonizado pelo presidente João Goulart, deposto pelo golpe de 1964. Antes do golpe, governou o Rio Grande do Sul e, após o retorno do exílio, foi eleito governador do Rio de Janeiro em 1982. Assim, tornou-se o único brasileiro a governar dois estados.

Em outro trecho do pronunciamento, Ciro declarou que pretende “continuar, ampliar e modernizar a grande obra de Brizola em várias áreas”.

Ele acrescentou que “o Brasil não precisa de simples faxina, maquiagem ou puxadinhos, como defendem os outros concorrentes: a nação deseja profundamente mudar não apenas o nosso modelo político e econômico, mas também o regime moral”.

Moro “lambe-botas de Bolsonaro

Seguindo seu estilo, Ciro não se esqueceu de disparar contra os adversários. No momento, aliás, o adversário mais direto na disputa pelo terceiro lugar mas pesquisas, o ex-juiz Sergio Moro, a quem atacou com mais veemência. “Faz de tudo para esconder a prova cabal de seu fracasso, da sua parcialidade e de sua incompetência”, define. Curiosamente, Ciro culpa Moro por ter “contribuído” para a eleição de Bolsonaro – ao tirar Lula da disputa em 2018. Mas ao mesmo tempo, culpa o ex-juiz pelo fato de Lula ter recuperado novamente seus direitos políticos. Isso porque, “como juiz parcial, transformou um processo técnico em panfleto político”.

Desse modo, Ciro resumiu assim o que entende ser o currículo de Sergio Moro: “Um rosário de vergonhas: foi lambe-botas de Bolsonaro, é juiz condenado por suspeição e está sendo investigado por ter virado sócio do escritório estrangeiro que administra a massa falida da Odebrecht e da OAS, empresas que ele condenou e ajudou a quebrar”.

As recentes pesquisas de intenção de voto para presidente – Genial/Quaest, Ipespe e PoderData – trazem Ciro em quarto lugar nas preferências, com percentuais entre 3% e 7%. Está atrás de Moro, Bolsonaro e Lula, líder em todos os levantamentos e com chance de vencer em primeiro turno. PT e PDT discutem alianças em alguns estados.

O pedetista criticou também os presidentes anteriores a Bolsonaro, dizendo que eles desenvolveram projetos semelhantes com “um tipo de governança que tem o conchavo e a corrupção como eixos”, citando Fernando Collor, Fernando Henrique e Lula. Para Ciro, o Brasil, com Bolsonaro, está “nas mãos de uma direita obscurantista e criminosa”.

Leia a íntegra do discurso de Ciro Gomes


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