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Sem provas, MP-SP arquiva inquérito da Lava Jato contra Haddad e Vaccari

Em delação, Leo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, acusava os petistas de terem pedido R$ 5 milhões em propina

Ricardo Stuckert/Agência Brasil
Ricardo Stuckert/Agência Brasil
Assim como fez com Lula, Leo Pinheiro (ex-OAS) fez acusações infundadas contra Haddad e Vaccari

São Paulo – Por falta de provas, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) arquivou um inquérito no âmbito da Operação Lava Jato contra o ex-prefeito Fernando Haddad e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. A investigação preliminar foi a partir de delação premiada do ex-presidente da OAS Leo Pinheiro. Em depoimento aos procuradores de Curitiba, o empresário acusou Haddad e Vaccari de pedir R$ 5 milhões em propina. O valor seria utilizado para bancar supostas dívidas de campanha. Por não envolver recursos da União, o caso foi enviado para a Justiça Estadual.

No entanto, de acordo com os investigadores, não foram encontradas provas que sustentassem a versão de Leo Pinheiro. “A despeito das diversas diligências investigativas realizadas para esse fim”, afirmou o promotor Paulo Rogério Costa, da 86ª Promotoria de Justiça Criminal de São Paulo, “não é possível atribuir a Fernando Haddad a solicitação direta ou indireta e ainda o percebimento de vantagem indevida da empreiteira OAS”.

“Inobstante as mais de 680 páginas de documentos colhidos pelo MPF e acostados aos autos em apenso, o envolvimento direto de Fernando Haddad não restou comprovado, e o suposto valor exigido por Vaccari, o qual seria destinado expressamente ao adimplemento de dívidas de campanha do ex-prefeito municipal também não se comprovou”, diz o pedido de arquivamento.

Haddad não comentou a decisão. A defesa de Vaccari disse ter convicção que a Justiça “concluirá pela improcedência de todas as acusações infundadas, levianas e mentirosas que seu cliente sofreu”. “Vaccari sempre negou esta afirmação do Léo Pinheiro, pois jamais fez qualquer solicitação de propina a ele ou a quem quer que seja”, diz a nota.

Leo Pinheiro, reincidente

Não é a primeira vez que Leo Pinheiro acusou petistas sem provas, no âmbito da Lava Jato. Em outubro, veio a público uma carta de próprio punho em que o ex-presidente da OAS recuava das acusações que fez contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também em delação, disse que teria pedido a Lula que realizasse uma audiência com Nick Rischbieth, presidente do Banco Centro-Americano de Integração Econômica (BCIE). O objetivo era aumentar a participação do Brasil na estrutura societária da instituição, “bem como credenciar a OAS a realizar parceria com tal Banco”.

O encontro, posteriormente desmentido, contariam ainda, além de Pinheiro e Lula, com o diretor da OAS Augusto Uzeda. Em seu depoimento, Uzeda negou a realização dessa reunião. Pinheiro ainda havia dito na delação que Lula teria se comprometeu a interceder junto à então presidenta Dilma Rousseff e ao ministro do Planejamento à época, Paulo Bernardo, para que fosse aumentada a participação do Brasil no BCIE.

Mas, depois, voltou atrás. Na carta, escrita ainda em maio, o empreiteiro disse não saber “se houve intercessão do Ex. Presidente Lula junto à (ex) Presidente Dilma e/ou Ex. Ministro Paulo Bernardo”. Também afirmou que sua empresa não fora beneficiada com empréstimos do BCIE.