CENÁRIO DE 2022

Federação partidária pode unir ideologias, frear fisiologismo e fortalecer projetos

A possibilidade de uma federação partidária é um dos temas que aquece o cenário político-eleitoral de 2022 e pode unir campo progressista em disputa

RICARDO STUCKERT
RICARDO STUCKERT
Deputado Marcelo Freixo e Lula: partidos já sinalizam para uma aliança em 2022

São Paulo – A possibilidade de uma federação partidária é um dos temas que aquece o cenário político-eleitoral de 2022. Criado neste ano, dispositivo ajuda os partidos a se unir em blocos para as disputas eleitorais, em processo parecido com as coligações, mas obrigando a unidade durante quatro anos.

Para o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão, a novidade muda a relação da organização dos próprios partidos políticos, evitando a extinção de partidos menores e barrando as alianças fisiológicas feitas apenas para aumentar o tempo de televisão, durante a propaganda eleitoral.

“As coligações só eram feitas para o momento da eleição e, no dia seguinte, desfaziam-se. A ideia da federação é criar uma relação mais permanente entre os partidos e torná-los mais próximos. O mais importante das federações é a ideia da união dos partidos a partir do espectro ideológico, criando um programa com mais vigor. Isso é melhor para o eleitorado na hora de votar e entender o que essas siglas representam”, afirma Romão, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

Campo progressista unido

A criação da federação partidária anima o campo mais progressista e a união de pelo menos três siglas desse campo é quase certa, com chances de se chegar a cinco. O PT, PSB e PCdoB já sinalizam para uma aliança em 2022, podendo se juntar também o PV e a Rede.

“Isso já muda as perspectivas para o ano que vem. Há a tentativa de diálogo entre PT, PSB e PCdoB, por exemplo. Essas federações podem ajudar os partidos pequenos que estão próximos de serem extintos, como PCdoB, por causa da cláusula de barreira”, avalia Romão.

Apesar de o campo progressista já abrir diálogos para uma federação partidária em 2022, a direita e a extrema-direita ainda não decidiram seus rumos. Recentemente, o setor fragmentou-se ainda mais com o anúncio das pré-candidaturas de João Doria (PSDB) e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos).

“A direita não sabe se pode ganhar ou perder com essas frentes. A fragmentação partidária do centrão e da direita foi estimulada pela legislação que tínhamos. A nossa legislação estimulava os pequenos partidos fisiológicos a atuarem na compra e venda no horário de televisão. Quanto maiores as coligações, maiores os recursos. Portanto, eram partidos de aluguel”, afirmou o professor da Unicamp.

Lula na frente

A nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (8), mostra que o quadro das intenções de voto para a presidência nas eleições de 2022 continua favorável ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista lidera com folga a disputa e vem se aproximando de uma vitória no primeiro turno. Nas simulações com outros sete pré-candidatos, Lula sai na frente com 46% votos.

Apesar da manutenção da liderança de Lula, que se repete desde as primeiras pesquisas, Wagner Romão aponta para um fato novo que chama sua atenção: os 10% de intenções de voto em Moro.

“O Doria tem uma candidatura natimorta, após vencer por pouco nas prévias. Agora, a candidatura é endossada e forçada pela mídia tradicional. Por isso, é preciso desfazer a figura do Moro, que foi o grande causador do desgoverno de Bolsonaro. Sem a ação judicial irresponsável dele, nós poderíamos ter uma disputa com igualdade em 2018. Tudo o que o ex-juiz fez foi um atentado ao Estado de direito”, disse o especialista.

Confira a entrevista


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