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Moro e Santos Cruz são o bolsonarismo de ‘terno e gravata’, afirma cientista política

Mayra Goulart afirma que campanha de ex-juiz e militar sofrerá com “crise de identidade” para se afastar de Bolsonaro

Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Marcello Casal Jr / Agência Brasil
General Santos Cruz faz parte da mesma cepa de Sérgio Moro e Jair Bolsonaro, segundo a leitura de Mayra

São Paulo – Após a filiação do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro do governo Bolsonaro, ao Podemos, a chapa entre Sergio Moro e o militar pode se concretizar nas eleições de 2022. Para a cientista política Mayra Goulart, a união do ex-juiz e general da reserva é a criação de uma chapa “bolsonarista de terno e gravata”.

Segundo a professora de Teoria Política e Política Internacional da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Moro e Santos Cruz, que fizeram parte do governo Bolsonaro, poderão sofrer com uma crise de identidade, pois apesar de serem de extrema direita, tentarão não expor essa faceta. “O Santos Cruz e o Moro vão disputar o mesmo segmento com Bolsonaro, e aí possuem dificuldade para se diferenciar. Se adotarem um discurso moderado, vão contrariar o próprio perfil e se afastam do eleitor de extrema direita. Caso sejam radicais, não se diferenciam de Bolsonaro. Portanto, é uma crise identitária da direita radical, onde Moro e Santos Cruz são a chapa bolsonarista de terno e gravata”, afirma, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

Santos Cruz na política

O general da reserva confirmou sua filiação ao Podemos ontem (25). O ato de filiação ocorreu em um hotel em Brasília e contou com a presença do ex-juiz Sérgio Moro, que ingressou no mesmo partido há duas semanas.

Na leitura de Mayra, Sergio Moro, Santos Cruz e Jair Bolsonaro fazem parte da mesma cepa. “Eles possuem uma diferença mais estética do que de conteúdo. Ambos são candidatos que têm uma verve viril, ou seja, são desse campo do “macho-alfa”, refratários a um universo mais plural. É uma masculinidade antiga, obsoleta e que só dialoga com o setor reacionário”, observa.

Ela também comentou a filiação de um membro do Exército na política, na qual ela credita esse interesse político ao proveito de acessar verbas públicas. “Se os eleitores derem seus votos a Moro e Santos Cruz, é uma validação da participação dos militares na política. Os militares querem ocupar cargos na máquina pública e acessar o dinheiro. E às vezes o apoio nem é ideológico, é o só o acesso a recursos”, afirmou a professora.

Confira a entrevista


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