RINHA DE TUCANO

PSDB começa eleições de 2022 perdendo, com desordem nas prévias

O cientista político Paulo Niccoli Ramirez afirma que a incapacidade interna do partido se unir em torno de um nome mina o futuro dos tucanos nas próximas eleições

FACEBOOK/PSDB
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O destino do PSDB com João Doria ou Eduardo Leite esbarra no eleitorado da centro-direita e da direita, durante as eleições do ano que vem

São Paulo – A suspensão das prévias do PSDB, nesse domingo (21), mostra a incapacidade de organização do partido conservador, que começa perdendo a disputa presidencial de 2022. A avaliação é do cientista político Paulo Niccoli Ramirez, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Na noite de ontem, os governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, trocaram ataques antes de uma reunião na sede do partido em Brasília, e não chegaram a um consenso sobre a nova data da votação. A votação das prévias do PSDB teve início pela manhã, mas devido a problemas no aplicativo, a sigla suspendeu o pleito.

“O PSDB, anos atrás, era o partido de centro-direita mais organizado no país e com grande capacidade de organização partidária. O que aconteceu ontem foi um papelão. A disputa entre Doria e Leite foi uma desordem, uma incapacidade, o que prejudica o partido para o ano que vem. Já começaram as eleições perdendo”, afirmou o cientista político, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, nesta segunda-feira (22).

Prévias de um bagunçado PSDB

O destino do PSDB com João Doria ou Eduardo Leite esbarra no eleitorado da centro-direita e da direita durante as eleições do ano que vem. O candidato tucano terá de conquistar o eleitor de Jair Bolsonaro ou dividir a atenção com Sergio Moro (Podemos).

Para Niccoli Ramirez, enquanto há segmentos tucanos disputando aos gritos, o que passa ao eleitorado uma percepção atrasada, outros partidos de direita já definiram seus candidatos, o que prejudicará ainda mais o desempenho do PSDB em 2022.

“O PSDB não soube lidar com o processo de retração e, ao invés de transmitir a imagem para a população de que é unificado, fica lavando roupa suja em público. Isso não é nada saudável e podemos ver o partido nem disputar as eleições do ano que vem, entrando em alguma coligação maior”, disse o entrevistado.

Aceno bolsonarista

Apesar de se colocar na tal “terceira via”, os tucanos estiveram ao lado de Jair Bolsonaro, durante as eleições de 2018. Entre os nomes da sigla, João Doria foi um dos que se aliou ao bolsonarismo para conquistar seus votos. O governador gaúcho também declarou voto no candidato da extrema-direita.

Ainda durante as prévias dos tucanos, a deputada federal Mara Rocha (PSDB-AC) disse que tentaram comprar seu voto nas prévias e declarou voto em Bolsonaro para 2022. “Estou saindo desse partido e vou para o PL porque eu sou Bolsonaro”, afirmou ela.

Paulo Niccoli Ramirez afirma que partido está totalmente rachado, perdeu o status que tinha e deve se fragilizar mais com a candidatura de Sergio Moro. “O ex-juiz é uma figura bolsonarista, mas que disfarça esse lado através de um falso discurso conciliador. Muitos apoiadores de Bolsonaro tendem a migrar o voto para Moro, o que pode ser uma estratégia para o PT, mas um mau negócio para o PSDB”, avaliou.

Confira a entrevista


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