Bolsolão

Deputado revela compra de votos: R$ 10 milhões para eleger Lira; R$ 20 milhões para reforma da Previdência

Deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO) revela ao “The Intercept Brasil” compra de votos por meio do orçamento secreto, e até mesmo antes de ele existir

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABR
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABR
Delegado Waldir foi o deputado mais votado em Goiás, na onda bolsonarista que moveu as redes

São Paulo – O deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO) revelou ao The Intercept Brasil que houve “compra de votos” para o governo conseguir apoios no Congresso. De acordo com o parlamentar, que é bolsonarista, teriam sido oferecidos R$ 10 milhões para que seu colegas ajudassem a eleger Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara. Lira foi eleito em primeiro turno deste ano, com 302 votos.

Ainda segundo Delegado Waldir, os recursos seriam repassados por intermédio de emendas parlamentares vindas do chamado “orçamento secreto“. Seria esse o principal instrumento, apelidado de “Bolsolão“, de obtenção de sintonia entre os interesses do governo e de sua “base” parlamentar. Por exemplo, a emenda constitucional dos precatórios, a autonomia do Banco Central, privatizações.

Mas, antes mesmo de se constituir o orçamento secreto, o tal Bolsolão já teria entrado em operação, como revelou o parlamenar. Outro exemplo, delatado por Delegado Waldir é que teriam sido prometidos R$ 20 milhões para cada voto a favor da “reforma” da Previdência. A emenda que alterou a Constituição para dificultar o acesso dos brasileiros às aposentadorias foi promulgada em novembro de 2019. Com isso, segundo estimativas do próprio governo, haveria uma “economia” de R$ 800 bilhões em 10 anos – obviamente, recursos retirados do bolso dos trabalhadores.

Ouça abaixo os áudios das conversas do deputado Delegado Waldir com o repórter Guilherme Mazieiro sobre as negociações para compra de votos no Congresso.

Leia aqui a reportagem de The Intercept Brasil sobre o esquema de compra de votos

Como descreve a reportagem, Arthur Lira, que no comando da Câmara impede a tramitação de mais de 130 pedidos de impeachment de Bolsonaro, passou a usar seu poder sobre a liberação de emendas para constitui-se um “primeiro-ministro informal”. “Sem a transparência devida, as emendas secretas se tornaram peças de barganha para que Lira aprove projetos de interesse do governo ou dele mesmo”, diz o texto do Intercept.


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