Na Itália

Bolsonaro envergonha o Brasil no exterior, diz analista

ABI e OAB também condenaram as agressões a jornalistas por seguranças da comitiva de Bolsonaro em Roma, durante reunião do G20

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
Bolsonaro "exportou" para a Itália a prática de hostilizar a imprensa, diz jurista

São Paulo – A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Comissão de Liberdade de Expressão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) condenaram a agressão a jornalistas feita por seguranças de Jair Bolsonaro, durante passeio em Roma neste domingo (31). Um dos profissionais de imprensa relatou que levou um soco e foi imobilizado pelos seguranças da comitiva presidencial. Outro jornalista que filmava a ação teve seu celular tomado e jogado no chão. Uma terceira também relatou empurrões.

Para a ABI, o comportamento avesso à democracia e ataques constantes à imprensa e ao trabalho dos jornalistas por parte de Bolsonaro acabam estimulando agressões como essa. A OAB também frisou que o episódio reflete postura de “frequente desrespeito” ao trabalho da imprensa.

De acordo com o advogado Marcelo Uchôa, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD-Núcleo Ceará), também frisou que os jornalistas são uma das categorias “mais violentadas” pelo atual governo.

Uchôa também comentou a participação apagada do Brasil na reunião de cúpula do G20, como consequência do isolamento internacional de Bolsonaro. “Lamentavelmente, nos envergonha a forma com que o Brasil está chegando nos fóruns internacionais. Por conta de Bolsonaro, o país chega acanhado, intimidado, desmoralizado, tentando chamar a atenção através da brutalidade”, disse, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (1º).

Constrangimento

Durante a reunião do G20, Bolsonaro manteve apenas breves contatos com os presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e da Turquia, Recep Erdogan. Afora isso, o brasileiro foi flagrado contando piada a garçons italianos que trabalhavam no evento. Nem sequer compareceu para a foto oficial do G20, quando os líderes mundiais se reuniram em frente à Fontana di Trevi, tradicional cartão postal da capital italiana.

“Ninguém queria estar junto dele”, disse o advogado. Para qualquer líder internacional, seria como posar ao lado de 607 mil mortos vítimas da pandemia no Brasil, disse Uchôa. “Estamos passando vergonha”, ressaltou.

‘Precedente’ e ‘casuísmo’

Uchôa classificou como “completamente esdrúxula” a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que recusou o pedido de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. O tribunal reconheceu a existência de uma organização criminosa que atuou para disseminar desinformação durante as eleições de 2018. Mas, de acordo com os magistrados, não havia provas de que a chapa vencedora se beneficiou dessa estratégia. Apesar de os ministros alegarem que não vão tolerar práticas desse tipo nas eleições do ano que vem, o advogado alerta para a abertura de “precedente negativo”, em função da decisão pela absolvição.

O jurista ainda apontou como “casuísmo” os rumores sobre a criação do cargo de senador vitalício para ex-presidentes. Segundo ele, trata-se de uma tentativa de “blindar” Bolsonaro, já que a função conferiria a ele imunidade parlamentar e prerrogativa de foro. “Acredito que a sociedade brasileira se colocaria em peso contrariamente a essa tentativa de escapar da Justiça. Ele não tem o menor compromisso com a democracia, sabe que cometeu crimes e precisa pagar”, declarou.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira


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