Fusão DEM-PSL

Desafio do União Brasil será manter relevância sem Bolsonaro

Nova legenda deve ocupar espaço entre a extrema direita e o Centrão. Nas pautas econômicas, no entanto, deve permanecer alinhada ao atual governo, segundo o cientista político Vitor Bartletta (PUC-Campinas)

Divulgação/DEM
Divulgação/DEM
Novo partido larga com bancada de 81 deputados, mas deve sofrer com defecções de bolsonaristas

São Paulo – DEM e PSL aprovaram a fusão dos dois partidos na última quarta-feira (6). Como resultado, o União Brasil já nasce como a maior bancada do Câmara dos Deputados, com 81 representantes. Esse número, no entanto, deve cair. Cerca da metade dos 52 deputados do PSL deve acompanhar o presidente Jair Bolsonaro, assim que ele definir sua nova agremiação. Dirigentes do União Brasil afirmam que a legenda lançará nome próprio nas eleições presidenciais do ano que vem. Sem lideranças de dimensão nacional, um dos nomes mais cotados é do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

Além disso, o partido também tem intenções de lançar nomes ao governo em pelo menos 10 estados. No entanto, apesar da abocanhar maior fatia dos fundos eleitoral e partidário, o principal desafio do União Brasil será evitar certo declínio eleitoral, já que não contará com o apoio do atual presidente.

“A estratégia dos partidos é juntarem forças, sabendo que não vão poder contar com o apoio irrestrito de Bolsonaro”, afirmou o cientista político Vitor Barletta, professor da Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual nesta sexta (8). “Vai ser um partido grande com certeza. Não acho que vai encolher muito. Mas se vai continuar se mantendo como o maior, é mais difícil de avaliar”, acrescentou.

Governabilidade

O objetivo do novo partido será manter suas dimensões iniciais, para manter influência no Congresso Nacional, independentemente de quem vença a disputa presidencial em 2022. Barletta aponta para uma configuração similar aos partidos que atualmente compõem o chamado Centrão. Para tanto, além do desempenho nas urnas, também dependerá do nível de coesão interna dessa nova legenda.

“O diálogo vai ter que acontecer, de uma forma ou de outra. É um partido que se diz de direita moderada ou, até mesmo, de centro. Mas, no fundo, são velhas tradições políticas que estão ali misturadas”, destacou.

Em termos econômicos, no entanto, tanto o PSL como o DEM estão alinhados a Bolsonaro. Desde o governo Temer, estes partidos votam em peso em favor das reformas neoliberais que atacam o Estado e reduzem direitos dos trabalhadores. O União Brasil deve manter essa agenda, segundo o analista.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira


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