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Deputados do PT cobram explicações sobre tráfico de influência na Caixa

Michelle Bolsonaro teria intermediado concessão de empréstimos com recursos da Caixa a um grupo de empresas bolsonaristas

José Cruz/Agência Brasil
José Cruz/Agência Brasil
Michelle Bolsonaro teria até disponibilizado funcionários públicos para atuarem como facilitadores das empresas beneficiadas com os recursos públicos emprestados pela Caixa com a ajuda do presidente Pedro Guimarães

São Paulo – Deputados federais do PT apresentaram nesta terça-feira (5) um requerimento de informações  solicitando ao ministro da Economia, Paulo Guedes, esclarecimento a respeito de denúncias de uso da Caixa Econômica Federal pela primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro. A esposa do presidente Jair Bolsonaro teria cometido crime de tráfico de influência na concessão de empréstimos e outras operações de crédito facilitadas pela Caixa a seu pedido. A denúncia, mais uma vez, envolve o presidente do banco, Pedro Guimarães. Ele é alvo de investigações de uso da Caixa para finalidades pessoais e políticas. Dessa vez, as denúncias dão conta de que Pedro Guimarães teria beneficiado pequenos empreendedores amigos de Michelle.

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“A denúncia, assim como as outras que envolvem Pedro Guimarães, é grave e precisa ser apurada, até mesmo para que ele tenha o direito ao controverso, como defendemos para todos os empregados da Caixa. Quem não deve, não teme”, afirma a dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt. “O que não pode é ficar se esquivando para não explicar, como tem feito no caso de uso de recursos do banco para se autopromover e alçar voos na carreira política”, completou.

Na justificativa do requerimento de informações, os deputados destacam que a Caixa, “com o beneplácito e empenho pessoal de seu presidente, foi usada indevidamente, ilegalmente e criminosamente, para privilegiar interesses privados da esposa do presidente da República” e de seus apoiadores.

Isso, explicam, “em detrimento da observância dos princípios da administração (moralidade e impessoalidade) e da legislação que deve nortear a concessão de créditos pela referida instituição financeira pública”.

Caras de pau

Segundo a revista Crusoé, que denunciou o caso, no auge da pandemia as empresas brasileiras encontravam dificuldades de acesso e liberação de crédito pela Caixa. Mas um grupo de amigos e conhecidos da primeira-dama Michelle Bolsonaro, adeptos e defensores do governo Bolsonaro, acessaram linhas de crédito disponibilizadas pela Caixa.

O secretário de Relações de Trabalho da Contraf-CUT, Jeferson Meira, comenta sobre os interesses do governo de privatizar a Caixa. “Esse é o projeto controverso desse governo Bolsonaro: quer privatizar as empresas públicas, mas faz uso delas em benefício próprio. São caras de pau! Esse governo contabiliza vários escândalos e uso político dos cargos públicos que ocupam”, critica.

A reportagem da Crusoé revela que Michelle Bolsonaro teria se empenhado pessoalmente na tarefa de “ajudar” os amigos. E fez diversas tratativas, por e-mail ou em encontros presenciais, com Pedro Guimarães. Teria até disponibilizado funcionários públicos para atuarem como facilitadores (despachantes) das empresas beneficiadas com os recursos públicos emprestados pela Caixa. O banco também teria designado empregados para atender aos pleitos da primeira-dama.

Público é para todos

O presidente da Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, ressalta que o banco é um bem público e deve servir a todas as pessoas com igualdade e de acordo com as suas necessidades.

“Esse é um princípio da coisa pública, da democracia. Infelizmente, nas últimas semanas tem sido amplamente divulgado atos que não condizem com isso. São denúncias de tráfico de influência, de uso indevido dos canais de comunicação da Caixa para benefício próprio, autopromoção ou obtenção de vantagens. Todos esses casos precisam ser apurados e os responsáveis penalizados”, disse.

Takemoto ainda fez menção à responsabilidade, ética e honra com que os trabalhadores do banco sempre agiram. “Nós, os empregados da Caixa, somos a força-motriz desse banco e não podemos tolerar o mau uso dele e seu enfraquecimento. A Caixa precisa seguir sendo pública, de todos e essencial para o desenvolvimento do Brasil. Não podemos deixar que um mau governo coloque em risco a credibilidade da Caixa e de seus empregados.”


Com informações da Contraf-CUT


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