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Na CPI da Covid, senador lamenta não indiciamento de Paulo Guedes: ‘O que há de pior na elite’

Humberto Costa lamentou a falta de consenso para indiciar o ministro da Economia. Já o senador Renan Calheiros apresentou a lista dos 81 indiciados pela comissão. Relatório será votado ainda hoje

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado
Humberto Costa: "Hoje, 22 milhões de brasileiros estão no limbo, sem auxílio e comendo resto de lixo. Fico triste por não conseguirmos indiciar uma das figuras: Paulo Guedes"

São Paulo – Antes da votação do relatório da CPI da Covid, o senador Humberto Costa (PT-PE) lamentou a não inclusão do ministro da Economia, Paulo Guedes, entre os indiciados. Nesta terça-feira (26), o parlamentar lembrou que um dos principais problemas da pandemia de covid-19 foi a desassistência à população, resultado de omissão intencional do governo.

“Hoje, 22 milhões de brasileiros estão no limbo, sem auxílio e comendo resto de lixo. Fico triste por não conseguirmos indiciar uma das figuras: Paulo Guedes, a cara do que há de pior na elite brasileira”, lamentou Humberto Costa. Segundo ele, houve falta de consenso para indiciar o ministro da Economia.

Crime com dolo

Apesar da crítica, o senador enfatizou que os membros da CPI não vão parar com o término do trabalho do colegiado. De acordo com ele, a comissão foi “fundamental para a história do país” e provou a existência da estratégia do governo Bolsonaro de buscar a imunidade coletiva pela transmissão da doença. “Isso é um crime com dolo“, ressaltou.

“Esse governo ficou só preocupado com a economia e com o desejo de reeleição, sabotando as medidas preventivas, subestimou a gravidade da doença e negou a testagem em massa. Além disso, propagou medicamentos sem eficácia para dar uma falsa segurança à população e propiciou lucros às empresas em que havia relações promíscuas”, afirmou Costa.

Legado da CPI

Os senadores destacaram que a CPI da Covid deixará um bom legado ao Brasil. O próprio Humberto Costa lembrou quando o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello esteve na CPI, “um dos maiores criminosos”, perguntou qual era a sensação, e o general respondeu: de dever cumprido.

“Certamente, não cumpriu seu dever e, hoje, deve dormir mal. Entretanto, nós cumprimos nosso dever com o Brasil. Entre a civilização e a barbárie, a civilização venceu”, afirmou Costa, ao finalizar seu discurso de encerramento.

Investigações

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), fez a leitura final dos indiciados e destacou as melhorias sugeridas pelos senadores e acatadas no documento. Renan também incluiu capítulo sobre política externa do governo federal em pandemias, aprofundou os capítulos sobre a crise do Amazonas e sobre a população negra e sugeriu medidas para aumentar a transparência.

Para ele, a atuação da CPI deixou um legado antes mesmo de seu fim e citou a abertura de investigações. “O TCU abriu investigação e cancelou aditivo do contrato da VTCLog. A Anvisa apura conduta de José Ricardo Santana a partir de investigação da CPI. Sobre a Prevent Senior, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Conselho Regional de Medicina (CRM) agiram e a Polícia Federal, abriu investigação sobre a Precisa Medicamentos”, destacou.

Eduardo Braga (MDB-AM), em seguida, tomou a palavra. Ele acrescentou que CPI “nasceu do sofrimento do povo e da revolta ao negacionismo”. E lamentou o fato de Manaus ter se transformado em um centro mundial da pandemia.

“Se nada mais essa CPI tivesse alcançado, a pressão pela compra de vacinas já seria o grande legado dessa comissão parlamentar de inquérito. Cumprimos nosso dever e os órgãos de comando precisam fazer sua parte. Buscamos fazer o mínimo de justiça e dar resposta às 600 mil famílias”, disse em referência às famílias das vítimas fatais da covid-19.

Indiciados pela comissão

Renan leu os nomes de 81 pessoas e empresas com pedidos de indiciamento indicados pela CPI. Segundo o relator, o “primeiro indiciado” é o presidente Jair Bolsonaro. Em seguida, apresentou outros nomes de seis ministros e ex-ministros: Eduardo Pazuello, Marcelo Queiroga, Onix Lorenzoni, Ernesto Araújo, Wagner Rosário e Walter Braga Netto.

A lista de indiciados também inclui três dos quatro filhos do presidente Jair Bolsonaro: o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). O relatório final sugere o indiciamento dos deputados federais Bia Kicis (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP), Carlos Jordy (PSL-RJ), Osmar Terra (MDB-RS) e Ricardo Barros (PP-PR).

Ainda na parte da manhã da sessão o senador e integrante da comissão Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu a inclusão do colega Luis Carlos Heinze (PP-RS) no relatório final, como indiciado, por conta da reiterada disseminação de notícias falsas sobre a pandemia. O relator acatou o pedido e decidiu indiciar o parlamentar gaúcho.


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