Senadores da CPI da Covid pedem investigação de Jair Renan: ‘Linguajar de marginal’

Filho do presidente gravou vídeo com armas de fogo, mencionando a comissão parlamentar

REPRODUÇÃO
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Os parlamentares lembraram que Renan Bolsonaro é maior de idade, não tem foro privilegiado e cometeu crime de ameaça

São Paulo – Os senadores da CPI da Covid abriram a sessão desta terça-feira (21) pedindo que o filho do presidente Jair Bolsonaro, Renan Bolsonaro, seja investigado, por convocação ou encaminhamento do caso à Justiça, pelo crime de ameaça. Em vídeo publicado, ontem (20), o filho do presidente mostrou armas de fogo e escreveu “Alô, CPI”.

Os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmaram que Renan Bolsonaro ameaçou explicitamente a CPI da Covid e exibiram o vídeo na sessão. Os parlamentares lembraram que ele é maior de idade, não tem prerrogativa de fogo e teria cometido o crime de ameaça.

“O filho do presidente deveria respeitar as instituições, mas fez ameaças veladas, mostrando que responderá ‘na bala’ os possíveis delitos cometidos e identificados pela CPI”, apontou Carvalho, que foi acompanhado de Randolfe. “Ele não tem foro privilegiado, então não precisamos encaminhar o caso à PGR. Faço o encaminhamento para que a delegacia de polícia ouça Jair Renan pelo crime de ameaça, através de uma simples queixa-crime.”

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), também fez críticas ao filho de Bolsonaro. “Sabe quem tem esse linguajar? Marginal. É marginal que chama arma de fogo de ‘brinquedo’. Isso é coisa de marginal”, disse.

Já o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que Jair Renan é “mais um filho do presidente que não recebeu educação” e a ameaça é “estapafúrdia”. “É um absurdo sob qualquer aspecto, mas as ameaças de um fedelho não vão intimidar os senadores.”

Renan Bolsonaro na CPI

Na semana passada, a CPI da Covid apontou a relação entre Renan Bolsonaro e o suposto lobista da Precisa Medicamentos, Marconny Faria. Durante depoimento na comissão, ele confirmou ser amigo do filho do presidente e disse conhecer sua mãe, Ana Cristina Valle.

A CPI, inclusive, aprovou a convocação de Ana Cristina Valle para prestar depoimento, após solicitação feita pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-ES). Mensagens trocadas entre ela e Marconny Albernaz de Faria mostram que a mãe de Jair Renan teria encaminhado ao presidente indicações de Marconny para cargos em órgãos do governo.

De acordo com Omar Aziz, apesar das ameaças de Renan contra o senadores, a CPI da Covid tem respaldo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). “Ele (Pacheco) mandou avisar que está 100% solidário à CPI. E disse também que esse tipo de absurdo não pode acontecer e, como presidente do Senado, irá tomar todas as previdências cabíveis sobre as ameaças contra a CPI”, relatou Aziz.

Durante a sessão, o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) esbravejou contra a exposição de Renan Bolsonaro. Entretanto, que a atitude dele foi de “fato inapropriada” e que não se opõe que seja enviada uma representação para apuração do fato pelo foro competente.