Avenida em disputa

Movimentos pedem ao MP direito de realizar atos ‘Fora Bolsonaro’ na Paulista

Ação pede providências urgentes para impasse criado em torno das manifestações de 7 de Setembro: oposição ao governo e situação querem o mesmo espaço em São Paulo

Joca Duarte / Sintrajud
Joca Duarte / Sintrajud
Ato 'Fora Bolsonaro' na Avenida Paulista em 19 de junho

São Paulo – Os movimentos populares foram nesta quinta-feira (19) ao Ministério Público do Estado de São Paulo pelo direito de realizar o ‘Grito dos Excluídos’ e os atos ‘Fora Bolsonaro’ no dia 7 de Setembro na Avenida Paulista, em São Paulo.

A representação protocolada junto à Procuradoria Geral de Justiça do estado pede “providências urgentes” para o impasse criado em torno de dois pedidos, da oposição ao governo e da situação, para realizarem atos no dia que marca a história da independência do país.

O presidente Jair Bolsonaro deve participar das manifestações de seus apoiadores na data, em Brasília e São Paulo. O dia histórico ganhou evidência depois que o cantor e ex-deputado Sérgio Reis tentou, sem sucesso, mobilizar caminhoneiros para se manifestarem na data em favor de uma intervenção militar no país.

Negociação com a PM

No último dia 16, representantes do Grito dos Excluídos e da Campanha Fora Bolsonaro estiveram reunidos com o 11º Batalhão da Polícia Militar de São Paulo para notificar a corporação, dentro do prazo previsto no Decreto Estadual nº 64.074/2019, a realização da manifestação do Grito dos Excluídos e da Campanha Fora Bolsonaro no dia 7 de Setembro, às 10h30, na Avenida Paulista, mas foram informados que outro ato já estava marcado para o mesmo dia e mesmo local.

Há 12 anos, a Central dos Movimentos Populares (CMP) e entidades e organizações realizam o Grito dos Excluídos na Paulista, sendo que a manifestação ocorre desde 1995, reunindo milhares de pessoas em diversas partes do país, com iniciativa promovida por movimentos sociais e Igreja Católica, especialmente a CNBB. Na representação protocolada, assinada pela CMP, MTST, Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, Acredito, entre outras, os líderes da manifestação afirmam que o objetivo é que a Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo promova “as medidas administrativas e judiciais necessárias, inclusive a requisição dos protocolos de notificações dos atos e eventos perante à Polícia Militar, para garantir o direito de reunião e manifestação dos autores.”

Direito de preferência

A justificativa da PM quanto à preferência do local para a situação é a de que, em outra oportunidade, quando também ocorreu o mesmo impasse, a preferência foi dada à oposição e que, desta vez, a situação seria contemplada.

No documento, os representantes do Grito dos Excluídos e da Campanha Fora Bolsonaro lembram que “o último ato realizado na Avenida Paulista foi da situação, em 1º de agosto” e que “isso implica a existência ainda mais evidente do direito de preferência para a manifestação de 7 de Setembro para a oposição, mesmo considerando existência fática dos atos, independentemente da duplicidade de pedidos, de acordo com trecho da representação.” 

:: Grito dos Excluídos leva milhares à Paulista e reafirma luta contra o golpe ::

Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP, afirma que não teve duplicidade no dia 24 de julho, como afirma a PM, pois naquela data uma só pessoa comunicou a PM que faria um ato de cunho religioso. A última duplicidade de fato ocorreu no dia 1º de maio, data em que a situação fez sua manifestação exigindo a volta do voto impresso e intervenção militar.

“Agora é nosso direito, em observância à determinação judicial. Além do mais, o Grito dos Excluídos é realizado há anos na Avenida Paulista. Não vamos desistir de nosso direito de promover nossa mobilização, na Avenida Paulista, pela aceleração da vacina, empregos, auxílio de 600 reais e pelo Fora Bolsonaro. O outro grupo defende armamento, intervenção militar. Nós defendemos a vida e a democracia. A vida deve ter prioridade”, defende Bonfim em favor dos atos Fora Bolsonaro.