Água na fervura

Doria descarta chances de motim da PM em favor de Bolsonaro

“Não há, não houve e não haverá” possibilidade de motim em São Paulo, garantiu o governador, diante de rumores de apoio da corporação à escalada golpista de Bolsonaro

Alexandre Carvalho/A2img/Fotos Públicas
Alexandre Carvalho/A2img/Fotos Públicas
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São Paulo – O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), descartou nesta quarta-feira (25) a possibilidade de motim por parte de integrantes da PM do estado contra a democracia e em favor do presidente Jair Bolsonaro. “Não há a menor possibilidade de motim. Não há, não houve e não haverá, pelo menos da Polícia Militar de São Paulo”, disse o tucano, em entrevista coletiva. Ontem, em reunião, Doria e outros governadores alertaram para o risco de insubordinação das tropas estaduais.

Nos últimos dias cresceram rumores de que policiais militares, da ativa e da reserva, estariam convocando as corporações a participar de atos em apoio ao presidente, que poderiam culminar em um golpe institucional, com invasão do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso. Entre as bandeiras defendidas por Bolsonaro nas manifestações, previstas para o próximo dia 7 de setembro, estão a insistência pelo voto impresso e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do STF. O ministro é relator do chamado inquérito das fake news no Supremo, que pode incriminar Bolsonaro, seus filhos e boa parte da cúpula do governo federal.

Conspirações

Na segunda-feira (23), Doria afastou preliminarmente o Coronel bolsonarista Aleksander Toaldo Lacerda, Chefe do Comando de Policiamento do Interior (CPI) 7, em Sorocaba. Nas redes sociais, o oficial PM publicou uma série de mensagens em apoio às manifestações antidemocráticas, além de xingamentos e ameaças ao próprio governador e a outros políticos.

Da mesma maneira, ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) Ricardo Nascimento de Mello Araújo, atual diretor-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), também publicou vídeo convocando as tropas policiais a sair às ruas em apoio a Bolsonaro.

Também pelas redes sociais, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) afirmou que “pelo menos 50 ônibus” teriam sido alugados para transportar PMs de cidades do interior de São Paulo para as manifestações de 7 de setembro na capital. De acordo com reportagem do Uol , a mobilização estaria sendo financiada por comerciantes com contribuições entre entre 30 e 100 reais.

Contraponto

Na contramão do discurso pregado pela maioria dos colegas da PM paulista, o tenente-coronel Paulo Ribeiro divulgou vídeo criticando “aventureiros” e “irresponsáveis”. Ele destaca que a PM se destina à estrita obediência ao ordenamento jurídico. “É, portanto, vedado aos seus integrantes pregar a ruptura institucional e democrática do país. O poder político só é conquistado pela via legal, o voto”, declarou Ribeiro.

Ele instou Doria a “frear arroubos delirantes” que incitem a quebra da disciplina entre os policiais. Já aos colegas “combatentes”, o tenente-coronel pediu que concentrem seus esforços na busca por melhores salários. “Pois esses que nos concitam a defender um presidente que nada faz pela PM estão muito bem recompensados em cargos comissionados no governo federal”, disparou.

Avenida em disputa

Na coletiva, Doria também voltou a afirma que a Avenida Paulista, no próximo dia 7 de setembro, estará reservada para as manifestações bolsonaristas. Porém, o local é tradicionalmente ocupado no Dia da Independência por movimentos sociais para a realização do Grito dos Excluídos. “Teremos as manifestações no dia 7 de setembro e no dia 12 de setembro (domingo). No dia 7 de setembro, daqueles que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. No dia 12 de setembro, daqueles que são contra Jair Bolsonaro. Nós não vamos ter manifestações contrárias no mesmo dia, na mesma data, pela razão óbvia de que nós não queremos estimular confrontos entre posições distintas.”

A Central dos Movimentos Populares (CMP), entidades e organizações que organizam o Grito dos Excluídos na Paulista entraram na Justiça para recorrer da decisão do governador.


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