Investigação

CPI ouve militar que discutiu sobre pagamento de propina em jantar. Assista

Coronel Marcelo Blanco participou de jantar em restaurante no qual foi feita proposta de “comissionamento” na aquisição de doses da vacina AstraZeneca

Najara Araujo/Câmara dos Deputados
Najara Araujo/Câmara dos Deputados
Ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Blanco teria participado de jantar em que foi pedida propina de US$ 1 por dose de vacina vendida ao MS

São Paulo – Por diversas vezes citado em depoimentos anteriores à CPI da Covid, o tenente-coronel da reserva Marcelo Blanco da Costa será ouvido nesta quarta-feira (4) pelo colegiado. Ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, exonerado em janeiro, o militar participou de jantar em restaurante em Brasília onde teria sido feita a proposta de pagamento de propina na comercialização de doses da vacina AstraZeneca.

Acompanhe o depoimento

O pedido de depoimento de Blanco foi do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que espera, com a oitiva, ser “possível esclarecer a notícia veiculada pelo jornal Folha de S. Paulo de que o governo Bolsonaro teria pedido propina de um dólar por dose de vacina por meio do diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias”.

Em depoimento à CPI em 1º de julho, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira — que se definiu como representante da Davati Medical Supply — afirmou que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose do ex-diretor Dias em troca de assinar contrato de venda de vacinas AstraZeneca com o ministério.

O pedido de propina, de acordo com o vendedor, foi feito no dia 25 de fevereiro deste ano, em jantar no restaurante Vasto, em um shopping em Brasília, onde esteve presente o coronel Blanco, que o teria apresentado a Dias.

O ex-diretor Dias, que recebeu voz de prisão ao final de seu depoimento aos senadores no dia 7 de julho, afirmou, inicialmente, que seu encontro com Dominguetti e Blanco no restaurante em Brasília foi casual, mas depois assumiu — a partir de áudios exibidos na comissão — que o coronel sabia que ele estaria no local.

Já Cristiano Carvalho, que também se apresentou à CPI no dia 15 de julho como vendedor da Davati no Brasil, disse que Dominguetti usou o termo “comissionamento” quando se referiu à reunião onde teria sido feito o pedido de propina.

“A informação que veio a mim não foi ‘propina’, ele (Dominguetti) usou ‘comissionamento’. Se referiu ao comissionamento sendo do grupo do tenente-coronel Marcelo Blanco (ex-assessor de Dias) e da pessoa que o tinha apresentado a Blanco, de nome Odilon”, disse. 

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Dias e Dominguetti tiveram novo encontro no dia seguinte — 26 de fevereiro — no Ministério da Saúde. Vários senadores, entre eles, Alessandro, Eduardo Braga (MDB-AM), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Fabiano Contarato (Rede-ES), Humberto Costa (PT-PE) e Rogério Carvalho (PT-SE), manifestaram perplexidade com o relato dos depoentes, assim como estranharam o intervalo de menos de 24 horas entre o encontro no restaurante e a reunião no ministério.

Esses são dois dos principais motivos que tornaram imprescindível a oitiva do coronel Blanco pelo colegiado. “Será um depoimento importante para amarrarmos as pontas da investigação”, afirmou o relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Os senadores aprovaram ainda requisições ao Comando do Exército Brasileiro de todos os relatórios e informações de inteligência, com as correspondentes cópias, a respeito do tenente-coronel Blanco, assim como de Antônio Élcio Franco, Alexandre Martinelli Cerqueira e Eduardo Pazuello.

Com informações da Agência Senado


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