Investigação

CPI ouve autor de ‘estudo paralelo’ que negou mortes pela covid no país. Assista

Nos trabalhos da CPI da Covid desta terça deve depor também ex-secretário de Saúde do Distrito Federal denunciado por irregularidades na compra de testes rápidos para detecção do coronavírus

Reprodução / Y.Tube
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Alexandre Marques: auditor do TCU foi autor de estudo negacionista, usado pelo presidente Jair Bolsonaro

São Paulo – A CPI da Covid deve ouvir nesta terça-feira (17), às 9h30, o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques. Ele foi chamado à CPI porque teria elaborado um “estudo paralelo”, segundo o qual metade das mortes confirmadas no Brasil por covid-19 não teria ocorrido. O pretenso estudo foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro em junho, ocasião em que exerceu mais uma vez o negacionismo contra a pandemia no país.

Os senadores ouvem ainda o ex-secretário da Saúde do Distrito Federal Francisco de Araújo Filho, denunciado por irregularidades na compra de testes rápidos para detecção do coronavírus.

A convocação do auditor Alexandre Marques foi sugerida pelos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O parlamentar sergipano quer “esclarecer os detalhes da participação” do auditor na produção do “estudo paralelo”, que chegou a ser citado pelo presidente Jair Bolsonaro como um documento oficial do TCU. Em junho, o auditor foi afastado do cargo.

Acompanhe a sessão da CPI desta terça

O depoimento do ex-secretário Francisco de Araújo Filho atende requerimento do senador Eduardo Girão (Podemos-CE). Ele lembra que a Operação Falso Negativo, deflagrada pelo Ministério Público do Distrito Federal, descobriu irregularidades na aquisição de testes para o coronavírus. Francisco de Araújo Filho chegou a ser preso e denunciado por organização criminosa, fraude à licitação e desvio de dinheiro público.

Acareação suspensa

A cúpula da CPI da Covid decidiu, em reunião na noite desta segunda-feira (16), suspender a acareação entre o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).

A reunião para confrontar as versões do ministro e do parlamentar sobre invoices (notas fiscais internacionais) da negociação entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos, para a compra da vacina Covaxin, estava prevista para esta quarta (18).

No lugar da acareação, os integrantes da cúpula da CPI decidiram colocar o depoimento de Túlio Silveira, advogado da Precisa Medicamentos – empresa que intermediou a negociação suspeita entre o governo brasileiro e o laboratório indiano que desenvolveu a Covaxin.

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Os senadores avaliaram que uma acareação entre o ministro e o deputado seria pouco produtiva e poderia ser explorada pelo governo para tentar atacar a CPI e os integrantes de oposição ao Palácio do Planalto.

“Concluímos que não traria nenhuma contribuição real, concreta, para a CPI a acareação dos dois. Temos versões distintas, de um e de outro, em relação à chamada invoice, o recibo. Se é somente essa a informação que precisa ser confrontada, pode ser confrontada de forma documental”, disse Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, após a reunião.

Com informações da Agência Senado e do portal G1