NOVA FASE

CPI da Covid aponta relação da VTCLog com Roberto Dias e cobra investigação sobre empresa

Comissão recebeu informação de que motoboy da empresa pagava boletos de dívidas de Roberto Dias, diretor de logística do Ministério da Saúde

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado
Nesta terça, a CPI da Covid deveria ouvir o motoboy Ivanildo Gonçalves e a diretora executiva da VTCLog, Andréia Lima, mas ambos não compareceram ao Senado

São Paulo – Os senadores da CPI da Covid abriram a sessão desta terça-feira (31) e endossaram a necessidade de investigação sobre a VTCLog, operadora logística de fármacos contratada pelo Ministério da Saúde. Os parlamentares apontam que além do então diretor de logística da pasta, Roberto Ferreira Dias, pagar além do recomendado à empresa, um funcionário da operadora pagou boletos em benefício de Dias.

Nesta terça, a CPI da Covid deveria ouvir o motoboy Ivanildo Gonçalves e a diretora executiva da VTCLog, Andréia Lima, mas ambos não compareceram ao Senado. Ivanildo obteve habeas corpus do ministro Kassio Nunes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para se ausentar. Já a diretora, argumentou “problemas na agenda”.

Ao iniciar a reunião, o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), reforçou que o motoboy da VTCLog é testemunha e não investigado, e que irá recorrer da decisão do STF. O funcionário da empresa é citado várias vezes num relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e teria sacado, em diversos momentos, o montante de R$ 4,7 milhões, sendo a maioria de saques em espécie e na boca do caixa.

“Ivanildo é uma testemunha e não está na condição de investigado. Ele não retirou esse dinheiro para a casa dele, levou para alguém. Não foi uma quantia normal também, foi um volume grande de dinheiro tirado no mesmo dia. Se uma simples testemunha movimentou um dos maiores escritórios do Brasil, tem algo errado. Ele não tem condições de pagar um escritório desse tamanho. E se Andreia quisesse esclarecer o tema, estaria aqui hoje”, afirmou Aziz.

VTCLog e Roberto Dias

A VTCLog é uma operadora logística do setor de fármacos e contratada do Ministério da Saúde. A CPI suspeita de um dos contratos entre o ministério e a empresa, em que Roberto Ferreira Dias aceitou pagar 18 vezes o valor que havia sido recomendado por técnicos do próprio ministério.

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que a comissão recebeu a informação de que era Ivanildo que pagava boletos de dívidas de Roberto Ferreira Dias. O relator disse que há imagens que comprovam a narrativa.

O senador Humberto Costa (PT-PE) acrescentou, em seguida, que a CPI não pode concluir seus trabalhos sem uma investigação aprofundada da empresa VTCLog. “O que ele (Ivanildo) foi fazer lá? Foi levar dinheiro para quem? O Brasil quer uma resposta para todas essas questões”, questionou o petista.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AL), propôs a reconvocação de Ivanildo e também de outros membros da VTCLog. Ele afirmou que não será possível entregar relatórios em 21 ou 22 de setembro, como previa Calheiros, sem ouvir dirigentes da VTCLog e Ivanildo. Ele também pediu renovação da quebra de sigilos da VTCLog e de Ivanildo.

Ainda hoje, a CPI da Covid aprovou a convocação da advogada da família Bolsonaro, Karina Kufa. O nome dela surgiu após a quebra de sigilo do lobista Marconny Faria, e pode estar ligada ao caso da FIB Bank – que concedeu crédito à Precisa Medicamentos.

“Diante do claro flagrante de desobediência da VTCLog a esta CPI, acredito que não será possível entregar o relatório final sem antes ouvirmos esses dirigentes. Não estamos convocando Karina Kufa por ser advogada da família do presidente da República. Mas pelos notórios diálogos que ela possui com vários lobistas investigados por esta CPI. Diálogos e tráfico de influência em favor da empresa Precisa”, acrescentou Rodrigues.