CPI DA COVID

Roberto Dias nega pedido de propina e diz que jantar foi ‘incidental’: ‘Saí para tomar um chope’

Acusado de pedir US$ 1 por dose da AstraZeneca, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde diz não se recordar de detalhes da reunião

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado
Roberto Dias relata que, durante um "chope casual", chegou coronel Marcelo Blanco da Costa com Dominguetti, que fez menção às 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca

São Paulo – O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias negou que tenha pedido propina nas negociações de compra da vacina AstraZeneca com o representante da empresa Davati Medical Suply, Luiz Paulo Dominguetti. À CPI da Covid, nesta quarta-feira (7), Dias explicou que a reunião foi “incidental” e ocorreu quando “saiu para tomar um chope”.

Roberto Dias foi exonerado do cargo em junho, depois da denúncia de que teria pedido propina para autorizar a compra do imunizante. Segundo Dominguetti, Dias teria cobrado US$ 1 por dose na compra de 400 milhões de doses da vacina.

Roberto diz foi ao restaurante com José Ricardo Santanna, que trabalhou na Anvisa. O depoente relata que, durante um “chope casual”, apareceu o coronel Marcelo Blanco da Costa com Dominguetti, que fez menção às 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. Como não era um evento marcado, combinado, ele afirmou não se recordar de detalhes.

“No restaurante chegou o coronel Blanco com esse senhor Dominguetti. Coronel Blanco foi meu substituto, foi indicação do general Pazuello”, disse Dias, que não explicou como Blanco sabia que eles estavam naquele restaurante.

Em sua oitiva, no último dia 1º, o representante da Davati disse que “nunca se buscou uma facilidade por parte de Roberto Dias”. “Essa facilidade não ocorreu porque ele sempre colocou o entrave no sentido de que, se não se majorasse a vacina, não teria aquisição por parte do ministério”, disse Dominguetti. A proposta de propina teria sido feita exclusivamente por Dias.

Requerimentos

Antes da oitiva de hoje, os senadores da CPI da Covid aprovaram requerimento de convocação do servidor do Ministério da Saúde William Amorim Santana. Seu nome surgiu durante depoimento da também servidora Regina Célia Silva Oliveira, fiscal do contrato da Covaxin, na última terça-feira (6).

Regina apontou que William Amorim teria encaminhado e-mails com o pedido de autorização da vacina Covaxin, negociação envolta em suspeitas de irregularidades. Os senadores também aprovaram a convocação de Andreia Lima, presidenta da VTC Operadora Logística, que mantém contratos com o Ministério da Saúde.

A CPI da Covid ainda aprovou requerimento para ouvir o reverendo Amilton Gomes de Paula. Ele é fundador da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), organização social que apresentou Luiz Paulo Dominguetti Pereira a representantes do governo federal.


Leia também


Últimas notícias