Crime de perjúrio

Prisão de Roberto Dias serve de alerta para próximos depoimentos, diz analista

Cientista político Paulo Niccoli Ramirez afirma que prisão do depoente que mentiu fortalece atuação da CPI da Covid

Senah
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Reverendo Amilton recebeu aval do Ministério da Saúde para negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca

São Paulo – A prisão do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Dias nesta quarta-feira (7) teve o sentido de desmoralizar sua carreira frente à prática de ‘perjúrio’, ou ‘faltar com a verdade’ no depoimento à CPI da Covid. A decisão do senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da Comissão, protagonizou o clima mais tenso que se formou na CPI desde o início dos trabalhos. “Todo o depoente que estiver aqui que achar que pode brincar terá o mesmo destino dele”, afirmou Aziz.

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Ao fim da noite desta quarta, Dias pagou fiança para ser solto. Ainda assim, a “carreira dele foi desmoralizada. A prisão serve de alerta para os próximos depoentes da CPI”, afirmou o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, na edição desta quinta-feira do Jornal Brasil Atual.

O analista destacou que a prisão serve de alerta, por exemplo, para o reverendo Amilton Gomes de Paula, que será um dos próximos depoentes na CPI. Em março deste ano, o religioso recebeu aval do Ministério da Saúde para negociar a compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro. Amilton é presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). O requerimento para o depoimento do reverendo foi aprovado ontem na comissão.

“Ele tem muitos seguidores de cunho religioso e pode ser também desmoralizado se isso ocorrer”, afirmou. O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), peça chave na investigação do escândalo da compra da vacina Covaxin, também comparecerá à CPI.

“Isso (a prisão de Roberto Dias) cria um fortalecimento dentro da CPI porque uma das estratégias dos bolsonaristas é o negacionismo”, afirma Ramirez. Para ele, a prisão tem um caráter simbólico que coloca um freio nas versões que fogem à realidade dos fatos. O analista também disse que a repercussão na mídia foi importante para fortalecer a CPI.

“Roberto Dias tem a porta do inferno. Ontem na CPI ele declarou que caso fosse morto ou mesmo preso, ele teria um dossiê ilustrando outros casos de corrupção”, disse Niccoli Ramirez.

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