negociação de vacinas

‘Não há racha no G7’, diz Randolfe Rodrigues após voz de prisão a servidor na CPI

Em coletiva, senadores declaram apoio ao presidente da comissão, Omar Aziz, após ordem para prender Roberto Dias. “É pouco importante a convergência ou divergência quanto à decisão. Cabe a nós respeitar”, diz Randolfe

Marcos Oliveira/Agência Senado
Marcos Oliveira/Agência Senado
Roberto Dias e sua advogada (à esquerda) observam discussão entre Aziz e senadores após voz de prisão

São Paulo – Em entrevista coletiva após a sessão da CPI da Covid, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE) afirmaram que o G7, grupo majoritário de independentes e oposicionistas, está coeso. “Não tem racha algum. É atribuição do presidente. Não há divisão. É pouco importante a convergência ou divergência quanto à decisão do presidente. Cabe a nós respeitar a decisão”, disse Randolfe. Momentos antes, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), determinou ordem de prisão de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde. Nesta sexta (8), a comissão ouve Franciele Fantinato, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações.

Vários senadores, como Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Otto Alencar (PSD-BA), pediram a Aziz para reconsiderar. Para isso, alegaram haver precedentes anteriores em que o próprio presidente rejeitou prender depoentes, como nos casos do ex-secretário de comunicação do governo, Fábio Wajngarten, sugerida pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), e do representante da Davati Medical Supply Luiz Paulo Dominguetti.

Freio de arrumação

Humberto Costa ressaltou que, embora tenha sido contra prender outros depoentes, Aziz avisou que “a paciência estava esgotando”. “O número de pessoas que vieram aqui e faltaram com a verdade, especialmente o depoente de hoje, é muito grande. Com isso ele dá uma espécie de freio de arrumação. Somos solidários e estamos com ele”, acrescentou o petista.

Perguntado na coletiva quais serão os desdobramentos da prisão de Dias, Randolfe afirmou que “não cabe mais à CPI”. “Pode ser relaxada a prisão, a defesa do senhor Roberto Dias entrar com habeas corpus, e ele será liberado. É uma prisão em flagrante delito. Creio que nem chegará à audiência de custódia e ele poderá ser liberado”, explicou.

Omar Aziz manda prender ex-diretor de logística do Ministério da Saúde por mentir na CPI

Os senadores afirmaram que tentaram construir uma mediação em favor do depoente, na tentativa de convencê-lo a contribuir com mais informações sobre suas “gritantes contradições”, mas a negociação não andou. Segundo Costa, o depoente deu mostras de ter participado da negociação de vacinas, embora tenha negado o fato o tempo todo. Dias afirmou que não tinha “poder de decisão”, embora tenha marcado uma reunião com a participação de Dominguetti sobre preços de vacina.

Élcio Franco vira “foco das investigações”

O ex-diretor da Saúde atribuiu o poder de decisão ao ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco na gestão do general Eduardo Pazuello. “Ora, quem não está negociando vacina não vai atrás de saber preço. Fica muito evidente que havia uma negociação paralela”, disse o petista.

O dado mais importante levado por Dias à CPI, segundo Randolfe, foi a responsabilidade final de Élcio Franco, coronel da reserva e ex- número 2 do Ministério da Saúde, na contratação de vacinas contra a covid. O militar passa a figurar “como foco das investigações da CPI”, afirmou o senador do Amapá. De acordo com ele, será necessário ouvir Élcio Franco novamente. Uma acareação entre ele e Roberto Dias é uma possibilidade, afirmou.


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