Descontrole

Governistas tentam salvar PEC do voto impresso. Presidente volta a atacar TSE

Bolsonaro ofendeu o presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, e voltou a pôr eleição em dúvida. Deputado acha difícil um acordo em torno da PEC 135

Reprodução
Reprodução
Forças Armadas também avalizam sistema eletrônico de votação, o que desarma o discurso do atual presidente

São Paulo – Depois do segundo adiamento seguido, o bloco governista ainda tenta uma saída para salvar a Proposta de Emenda à Constituição 135, a PEC do voto impresso. O projeto quase saiu de pauta na última segunda-feira (empate de 15 a 15, com o voto do relator prevalecendo), e a reunião da comissão especial marcada para ontem (8) foi cancelada e transferida para a próxima quinta-feira (15). Enquanto isso, o presidente da República voltou a atacar a Justiça Eleitoral.

Nesta sexta (9) pela manhã, por exemplo, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, ele chamou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, de “idiota” e “imbecil”. Voltou a falar em fraude, sem provas, e mais uma vez pôs em dúvida a realização das eleições em 2022. Disse ainda que entregará a faixa a quem ganhar “no voto auditável e confiável”. Apenas com voto eletrônico, declarou, “corremos o risco de não ter eleição no ano que vem”.

Sonhando com um Capitólio

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), integrante da comissão especial da PEC 135, o presidente da República, vislumbrando sua derrota, “tenta construir uma narrativa para questionar a legitimidade da eleição”. Isso foi mais uma vez demonstrado com as declarações de hoje, acrescentou. “Ele está percebendo que será derrotado nas urnas em 2022 e tenta se antecipar. Ele tnta fazer como Donald Trump nos Estados Unidos. Bolsonaro sonha em ter um Capitólio para ele.”

Dessa forma, o parlamentar considera difícil haver acordo na comissão especial, até a semana que vem, para votar o texto da PEC 135. “Eu não apostaria em acordo, porque considero que o que está em debate é a democracia, a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro”, afirmou. “É seguro, auditável. O que não quer dizer que não possamos aperfeiçoar, e isso vem sendo feito ao longo do tempo.” Para o deputado, neste momento aprovar a proposta seria “atender um capricho” do presidente.

Visão contrária à PEC

Orlando Silva questionou o presidente da comissão especial, Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), sobre o cancelamento da reunião de ontem. Foi informado que isso aconteceu a pedido do relator da PEC 135, Filipe Barros (PSL-PR).

“Propostas de voto impresso são antigas”, disse ainda o deputado do PCdoB. “Em 2015, o plenário da Câmara aprovou uma proposta que acabou sendo impedida de aplicação por conta da decisão do Supremo, que considerou uma ameaça ao sigilo do voto, que é uma previsão constitucional.” Segundo ele, no plenário há muitos deputados simpáticos à proposta, mas “no ambiente da comissão especial vai se formando uma visão contrária”.


Leia também


Últimas notícias