CPI da Covid

CPI ouve empresa envolvida em caso de propina com vacina da AstraZeneca. Assista

O procurador da Davati Cristiano Carvalho depõe com direito de ficar em silêncio quanto aos fatos que o incriminem, mas tem dever de falar como testemunha

Reprodução
Reprodução
Cristiano Carvalho tem dever de falar como testemunha, segundo o STF

São Paulo – A CPI da Covid ouve na manhã desta quinta-feira (15) o procurador da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho. O depoimento, pedido por Humberto Costa (PT-PE), tratará de investigações sobre suposto caso de propinas envolvendo compra de vacinas AstraZeneca. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, considera que o depoimento de hoje será importante para checar informações já colhidas em depoimentos anteriores.

Ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, atendeu parcialmente um pedido de Cristiano Carvalho, e concedeu a ele o direito de ficar em silêncio em relação aos fatos que o incriminem perante a CPI. A decisão de Fux contemplou também outros três convocados da CPI: o reverendo Amilton Gomes de Paula, fundador da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários; o tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor do Ministério da Saúde; e Túlio Belchior Mano da Silveira, representante da Precisa Medicamentos.

Nessas decisões, segundo informações do Estadão, Fux negou pedidos para que os convocados pela CPI não comparecessem ou se retirassem das sessões do colegiado, destacando ainda que os quatro têm o dever de depor e de dizer a verdade com relação a fatos de que tenham conhecimento na qualidade de testemunha.

Acompanhe a sessão desta quinta-feira

No requerimento de convocação de Cristiano Carvalho, Humberto Costa cita reportagem da Folha de S.Paulo de 29 de junho, dando conta de que o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, teria condicionado fazer negócio com a Davati em troca de propinas no valor de U$ 1 por dose de vacina. Para o senador, a denúncia é “gravíssima” e precisa ser mais investigada.

Segundo relato feito ao jornal pelo PM Luiz Paulo Dominghetti, que se apresentou como representante da Davati, a proposta da propina se deu em 25 de fevereiro, em encontro com Dias no restaurante Vasto, em Brasília. Dias teria sido indicado ao cargo no ministério pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), de acordo com a reportagem citada pelo senador.

:: Direito ao silêncio na CPI não é absoluto, diz Lenio Streck ::

Inicialmente a proposta da Davati seria vender 400 milhões de vacinas da AstraZeneca contra a covid-19 por U$ 3,50, mas o preço acabou inflado para U$ 15,50, devido aos “bastidores asquerosos e tenebrosos” de Roberto Dias, segundo relato de Dominghetti na reportagem. A matéria da Folha de S.Paulo esclarece que chegou a Dominghetti devido a informação repassada por Cristiano Carvalho. Ainda segundo o jornal, o valor da propina chegaria a R$ 1 bilhão.

Dominghetti acabou se reunindo com Dias no ministério no dia seguinte ao encontro no Vasto, em 26 de fevereiro, quando, pelo relato do PM, a proposta de propina foi reiterada. Mas como não houve acerto, a pasta teria se desinteressado pelo negócio.

Com informações da Agência Senado e Estadão


Leia também


Últimas notícias