XADREZ POLÍTICO

Ciro Nogueira aceita convite e assume como ministro da Casa Civil

Senador é presidente do PP, sigla que já tem a presidência da Câmara e é uma das principais legendas do Centrão

TWITTER/CIRO NOGUEIRA
TWITTER/CIRO NOGUEIRA
A ida de Nogueira para a Casa Civil faz parte da estratégia de Bolsonaro de se fortalecer politicamente e evitar o avanço do processo de impeachment

São Paulo – O senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou nesta terça-feira (27), por meio das redes sociais, que aceitou o convite para ser o novo ministro da Casa Civil. A informação foi confirmada por ele após reunião com o presidente Jair Bolsonaro.

“Acabo de aceitar o honroso convite para assumir a chefia da Casa Civil, feito pelo presidente Jair Bolsonaro. Peço a proteção de Deus para cumprir esse desafio da melhor forma que eu puder, com empenho e dedicação em busca do equilíbrio e dos avanços de que nosso país necessita”, publicou Ciro Nogueira em sua conta no Twitter.

A ida de Nogueira para a Casa Civil faz parte da estratégia de Bolsonaro de se fortalecer politicamente e evitar o avanço do processo de impeachment na Câmara dos Deputados. A pasta é uma das mais importantes da Esplanada, responsável por auxiliar na articulação política junto ao Congresso Nacional e atuar na coordenação de ações do governo com outros ministérios.

A troca na Casa Civil provocará um rearranjo em outros ministérios. O atual chefe da pasta, general Luiz Eduardo Ramos, vai para a secretaria-geral da presidência, comandada por Onyx Lorenzoni, que será transferido ao recriado Ministério do Trabalho – que se chamará Ministro do Emprego e Previdência.

Histórico de Ciro Nogueira

Ciro Nogueira está no Congresso Nacional há 26 anos. Ao todo, foram quatro mandatos como deputado federal, além de dois como senador. O atual segue até 2026. Seu legado como parlamentar, até então, é de apenas dois projetos aprovados.

Ciro Nogueira é presidente nacional do Progressistas (PP), partido que agora terá mais força política no Executivo. A sigla também tem a liderança do governo na Câmara, com Ricardo Barros (PP-PR), e a presidência da Casa Legislativa, com Arthur Lira (PP-AL). A ideia de Bolsonaro é se fortalecer na CPI da Covid, na qual Nogueira faz parte, que investiga seus crimes e omissões durante a pandemia.

O nome do senador também está em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), sendo um deles sobre a participação do parlamentar no suposto esquema de pagamentos de propina pela construtora Odebrecht, entre os anos de 2014 e 2015.

Fisiologismo

Hoje na bancada governista, Ciro Nogueira criticou Bolsonaro nas eleições de 2018. Na ocasião, disse que não apoiaria o então candidato do PSL. “Bolsonaro eu tenho muita restrição porque é um fascista. O presidente é a pessoa que vai cuidar de gerar emprego e renda, vai cuidar da saúde, infraestrutura, saúde. Conheço Bolsonaro e ele não tem essa capacidade de fazer isso”, afirmou na época.

Bolsonaro se elegeu sob o discurso de não se aliar ao Centrão e grupos fisiológicos do Congresso Nacional, mas acabou se contradizendo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou a situação. “E o Bolsonaro que ficava falando que ia acabar com a “a velha política”. Qual é a nova política dele? Ficar refém do Centrão? Não cumpriu uma coisa que ele falou. Falava tanto de corrupção. Ainda ontem à noite eu vi o Queiroz ameaçando ele”, tuitou.

O deputado federal Fabio Trad (MS-PSD) classificou a nomeação como a terceira fase do governo Bolsonaro. “A primeira foi marcada pelos hóspedes do hospício; a segunda pelos militares e agora pelo Centrão. Tomou posse como ator principal, transformou-se em coadjuvante e agora se reduz ao papel de figurante.”

O sociólogo Orlando Calheiros definiu a mudança de rota de Bolsonaro como sinal de fraqueza de seu governo. “Digo e repito, presidências sobrevivem pela sua força ou fraqueza: Bolsonaro é talvez o maior exemplo da segunda opção. Seu governo, esvaziado, desesperado, se tornou apenas um hospedeiro do Centrão (que ele jurava combater)”, disse em seu perfil no Twitter.