Ameaça

Braga Netto é ‘elemento perigoso para a democracia’, afirma Renan

Em nota, ministro da Defesa negou ter ameaçado as eleições, conforme publicou o Estadão. O jornal, no entanto, reafirmou o conteúdo da publicação

Pedro França/Agência Senado/Akemi Nitahara/Agência Brasil
Pedro França/Agência Senado/Akemi Nitahara/Agência Brasil
Renan deve ser exonerado ameaça as instituições democráticas e deve ser exonerado "o quanto antes"

São Paulo – As ameaças golpistas do ministro da Defesa, Braga Netto, divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira (22), seguem repercutindo no mundo político. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que Braga Netto é “um elemento perigoso para a democracia” e que deve ser exonerado “o quanto antes”. “Braga Netto se revela: foi colocado onde está exatamente para isso, para ameaçar as instituições democráticas”, afirmou Renan, que também é relator da CPI da Covid e ocupou por três mandatos a presidência do Senado.

“Bolsonaro quer manter a sociedade refém de sua obsessão continuísta. A população não o quer mais, mostram as pesquisas. O Congresso não deve admitir isso. O Senado, a Câmara dos Deputados e o Judiciário não podem ser ameaçados”, acrescentou o parlamentar pelas redes sociais.

O deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (sem partido-RJ) também se manifestou contra o arroubo golpista do general da reserva. Ele disse esperar manifestações de Braga Netto e dos três chefes das Forças Armadas sobre a suposta ameaça.

Ele lembrou que nasceu no Chile, em função da perseguição da ditadura ao seu pai, o vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia. Contudo, a família também presenciou, em terras chilenas, o golpe do general Augusto Pinochet contra o então presidente Salvador Allende, em 1973. “A história é implacável” e “insiste em se repetir”, disse Maia.

“Lá, um dos epicentros da crise que levou ao golpe foi a mudança no comando do Exército. Por aqui, o presidente tirou um general legalista, Fernando Azevedo, e o substituiu por um general personalista (Braga Netto), que faz tudo o que ele deseja”, complementou.

Desmentido e panos quentes

De acordo com o Estadão, Braga Netto teria enviado recado, por meio de um emissário, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Em tom de ameaça, disse que não haveria eleições em 2022 caso os deputados não aprovassem o voto impresso. O ministro, entretanto, negou a acusação.

Em nota, disse não comunica com presidentes dos Poderes “por meio de interlocutores”. Além disso, classificou a reportagem como “desinformação”. Ainda assim, defendeu o “voto eletrônico auditável por meio de comprovante impresso”. Disse que esta é uma bandeira do governo Bolsonaro, mas caberia ao Parlamento decidir sobre o tema. Apesar do desmentido, o Estadão reafirmou a veracidade do conteúdo publicado.

Lira, que teria sido vítima da ameaça, preferiu colocar panos quentes. Nem sequer negou ou confirmou que tivesse sido intimidado pelo general. “A despeito do que sai ou não na imprensa, o fato é: o brasileiro quer vacina, quer trabalho e vai julgar seus representantes em outubro do ano que vem através do voto popular, secreto e soberano.”

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse que conversou com Braga Netto e com Lira, e que ambos teriam desmentido “enfaticamente” qualquer ameaça à realização das eleições. “Temos uma Constituição em vigor, instituições funcionando, imprensa livre e sociedade consciente e mobilizada em favor da democracia”, afirmou.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou pelo Twitter que “seja qual for o modelo, a realização das eleições não está em discussão”. “Isso é inegociável. Elas irão acontecer, pois são a expressão mais pura da soberania do povo. Sem elas, não há democracia, e o país não admite retrocessos”, apontou.


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