IMAGEM E SEMELHANÇA

Bolsonaro se encontra com líder da ultradireita alemã, neta de ministro de Hitler

Beatrix é do partido AfD, legenda conhecida por posições negacionistas e xenófobas

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Beatrix disse que o encontro foi para "fortalecer suas conexões e defender nossos valores cristãos e conservadores em nível internacional"

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro se reuniu e posou para foto com a líder da ultradireita alemã, Beatrix von Storch, neta de Ludwig Schwerin von Krosigk, que foi ministro das Finanças de Adolf Hitler no regime nazista. O encontro ocorreu na semana passada e, além de Bolsonaro, os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) também estiveram com a parlamentar alemã.

A parlamentar postou sua foto abraçada com Bolsonaro e Sven von Storch, marido da deputada. Além disso, acrescentou uma mensagem na qual afirma que seu partido quer “fortalecer suas conexões e defender nossos valores cristãos e conservadores em nível internacional”.

O partido de Beatrix, o AfD, é conhecido pelo discurso radical anti-imigração e recentemente se alinhou ao discurso negacionista em relação à pandemia. Já a deputada alemã é uma representante da ala ultraconservadora e em 2014 ajudou a levar a legenda, inicialmente uma agremiação eurocética, a adotar posições de extrema direita.

Beatrix von Storch tem seu passado ligado ao nazismo. Pelo lado materno, ela é neta de Johann Ludwig Schwerin von Krosigk, que serviu como ministro das Finanças de Hitler por mais de 12 anos. Ele foi julgado e condenado pelo Tribunal de Nuremberg.

Críticas ao encontro com nazista

Ainda na semana passada, o Museu do Holocausto, em Curitiba, se manifestou contra o encontro de Beatrix com autoridades brasileiras e afirmou que a AfD é “um partido de extrema direita com tendências racistas, sexistas, islamofóbicas, antissemitas, xenófobas e com um forte discurso anti-imigração”.

“É evidente a preocupação e a inquietude que esta aproximação entre tal figura parlamentar brasileira e Beatrix von Storch representam para os esforços de construção de uma memória coletiva do Holocausto no Brasil e para nossa própria democracia”, disse a organização em nota, referindo-se à deputada Bia Kicis.

O perfil Judeus pela Democracia repudiou o encontro de Bolsonaro com a neta do nazista. “Pela terceira vez em dias a vice-presidente do partido extrema-direita alemão aparece com governistas brasileiros: presidente da CCJ, filho do presidente e agora o presidente do Brasil. Posam sorrindo e citando semelhanças com o partido xenófobo alemão. Sem rodeios: nazistas”, tuitou.

Na Alemanha, jornais noticiaram o encontro e destacaram as críticas de brasileiros à reunião. O jornal Welt destacou a nota do Museu do Holocausto. Já o Spiegel chamou Bolsonaro de “chefe de Estado populista de direita” e citou um tuíte da presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR). ” Encontro de deputados bolsonaristas com parlamentar alemã nazista é deplorável. Combinam em tudo, xenofobia, discurso de ódio e postura antidemocrática. Não podemos deixar esse tipo se política se consolidar por aqui. O Brasil precisa livrar-se de Bolsonaro e do bolsonarismo”, criticou a petista.

Não é a primeira vez…

Em 2016, enquanto ainda era deputado federal, Jair Bolsonaro posou ao lado do candidato nazista a vereador no Rio de Janeiro, Marco Antônio (PSC), conhecido como o “sósia de Hitler”. Na foto, Bolsonaro aparece sorrindo ao lado do homem vestido igual ao ditador alemão, que ostentava broches militares no paletó e o usava o mesmo bigode e corte de cabelo característicos de Hitler.

Além disso, em 2018, após a eleição de Jair Bolsonaro à presidência, a conta no Twitter da bancada da AfD no Bundestag reproduziu uma mensagem do deputado Petr Bystron felicitando Bolsonaro pela vitória. “Jair Bolsonaro é um conservador franco que vem trabalhando para combater a corrupção de esquerda e restaurar a segurança e prosperidade para o seu povo”, disse em nota o deputado. “Como ocorre com a AfD, ele foi inimizado por todos os lados por ser um outsider que desafiou o sistema.”

Em 2020, o então secretário de Cultura Roberto Alvim, na gestão Bolsonaro, foi demitido após realizar um discurso que parafraseava outro, do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels.


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