Direita desembarca

Até Partido Novo, de João Amoêdo, pede impeachment de Bolsonaro por corrupção

Em nota oficial, legenda fundada por banqueiros aponta “fortes indícios de prevaricação em denúncia de esquema de corrupção na compra do imunizante Covaxin”

Marcelo Casal/Agência BRasil
Marcelo Casal/Agência BRasil
Em 2018, muitos eleitores declararam voto em Amoêdo para não admitir apoio a Bolsonaro

São Paulo – “Após detalhada análise técnica, consultas a juristas, discussões, e ampla reflexão sobre os fatos apresentados e consolidados pela CPI da Pandemia, o Novo conclui de forma inequívoca que o presidente Jair Bolsonaro cometeu diversos crimes de responsabilidade previstos na Lei Federal nº 1.079/50.” Com essa introdução, o Partido Novo – legenda de direita que teve como fundador o ex-banqueiro João Amoêdo – declara em nota oficial, nesta segunda-feira (5), em seu site e redes sociais, que adere ao movimento pelo impedimento de chefe de governo.

Em 2018, Amoêdo ficou conhecido como candidato à presidência da República em quem muitos eleitores votaram, ou declararam ter votado, para não admitir o voto em Bolsonaro. Segundo o jornal Valor Econômico em 2016, o principal “bloco de financiadores” da então nova legenda gravitava em torno do Itaú Unibanco, como o próprio Amoêdo, Moreira Salles, o ex-presidente do conselho diretivo de banco, Fernão Bracher, entre outros.

Há um mês, Amoêdo já havia afirmado que Bolsonaro “trabalhou para agravar a pandemia”. Nas eleições, o ex-banqueiro surpreendeu. Teve 2.7 milhões de votos, 2,5% dos válidos, e chegou em quinto lugar, à frente de nomes conhecidos como Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos), além de Guilherme Boulos (Psol).

Unidade em superpedido de impeachment é inédita desde Diretas Já

Na nota, o partido afirma que o principal motivo por sua manifestação são as “omissões e péssimas ações na gestão da pandemia, sobretudo no descaso com a aquisição das vacinas”. O Novo elenca também inúmeros dispositivos da Lei n° 1.079/50 (a Lei do Impeachment) nos quais o presidente da República poderia ser enquadrado por caracterizarem crimes de responsabilidade: artigos 5º, 11; 6º, 5; 7º, 5, 9; 8º, 7; 9º, 3, 4, 5, 6, 7; 11, 1; 12, 2 da Lei 1.079/50.

“Corrupção do governo federal”

Chama a atenção, na nota do partido, o uso da palavra “corrupção”,  estigma que assombra o clã Bolsonaro, e que começa a ser cada vez mais utilizado para julgar seu governo.  “Todos os países viveram momentos trágicos. Porém, no nosso país, a crise foi agravada pelo descaso, omissão, incompetência e, possivelmente, corrupção do governo federal”, argumenta o Novo no documento oficial.

Escândalos de corrupção envolvendo a compra de vacinas, negacionismo e genocídio indígena pautaram as manifestações contra o presidente da República no último sábado. o #3JForaBolsonaro.

O escândalo da Covaxin

A nota menciona os “fortes indícios de prevaricação em denúncia de esquema de corrupção na compra do imunizante Covaxin”. Essa é hoje a principal linha de investigação da CPI da Covid, que envolveria, segundo denúncia do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). A sigla diz ainda que Bolsonaro “negou a gravidade da covid-19, boicotou e debochou das medidas básicas, estimulou aglomerações, recomendou remédios sem eficácia comprovada, disseminou desinformação sobre as vacinas e nada fez para conter a pandemia”.


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