Dia de luta

‘Superpedido’ de impeachment de Bolsonaro aquece terceiro ato nacional do sábado, #3J

Novo pedido que será protocolado nesta quarta, em Brasília, traz novas denúncias contra o presidente no escândalo da vacina Covaxin e intensifica convocação para o sábado

Eduardo Miranda
Eduardo Miranda
A entrega do documento reunirá parlamentares da esquerda, direita e centro, e lideranças sociais em ato político marcado para às 14h, na Câmara

São Paulo – Movimentos populares, partidos políticos e organizações da sociedade civil protocolam nesta quarta-feira (30) o chamado “superpedido de impeachment” de Jair Bolsonaro. O objetivo dessa articulação foi reunir em um único processo argumentos dos 123 pedidos de destituição já apresentados à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Apesar de apontar crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro, os processos vêm sendo ignorados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O jurista Mauro Menezes, autor de dois deles, é o redator do superpedido de impeachment, que antecede a terceira jornada nacional pelo Fora Bolsonaro. Os atos estão marcados para o próximo sábado, o chamado #3J.

O mais novo pedido de afastamento é assinado por cerca de 700 entidades e representações sociais das mais diversas vertentes políticas. Além de 21 crimes de responsabilidade já listados anteriormente, serão incluídas as recentes denúncias de prevaricação na compra superfaturada da vacina Covaxin, que vieram a público na última sexta-feira (26), após depoimento dos irmãos Miranda à CPI da Covid no Senado. A denúncia se soma a acusações de apologia à tortura, participação em atos antidemocráticos, incitação de motim entre classes armadas e crimes contra a saúde pública. A entrega do documento reunirá parlamentares de esquerda, direita e centro, juntamente com lideranças sociais em ato político marcado para as 14h, na Câmara.

A previsão é que a mobilização siga durante a semana até o sábado (3), quando ocorre o novo dia nacional de manifestações. Inicialmente previstos para o dia 24 de julho, os protestos do #3J foram antecipados devido às denúncias de corrupção na CPI em meio à pandemia. Antes disso, na quinta-feira (1º), a Campanha Fora Bolsonaro, realiza ainda uma plenária nacional. 

Pressão cresce

O coordenador nacional da Central dos Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, destaca que “este é um pedido das ruas”. Por isso, será apresentado justamente no calor e clamor pela preservação da vida, com apoio das grandes mobilizações de 29 de maio e 19 de junho. Isso porque não dá mais para esperar que o povo morra pela covid ou de fome. Bolsonaro tem que sair já”, destacou. 

Diante da pressão popular crescente, a expectativa é que Lira reveja seu imobilismo e acate o documento. A advogada Tânia Maria de Oliveira, integrante da coordenação executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), afirma que não há mais tempo para omissões. “Não tem mais espaço para ficar fingindo que as coisas não estão acontecendo. Nem que os crimes cometidos pelo presidente da República não estão sendo cometidos todos os dias, de forma reiterada. Noticiados no mundo inteiro, inclusive. Inúmeros crimes de responsabilidade. Não é possível que ele vá fingir que não está vendo ad aeternum (para sempre).”

De acordo com o jurista Mauro Menezes, mestre em Direito Público, o superpedido vai além da questão do impeachment, que adverte: “Está claro que estamos lidando com o fascismo, uma força política considerável”. 

Mesmo com o calendário desta semana, os movimentos populares mantiveram a mobilização para 24 de julho. A campanha pelo Fora Bolsonaro conta com o apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União Nacional dos Estudantes (UNE), as dezenas de organizações reunidas nas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, a Coalizão Negra por Direitos e o grupo de juristas Prerrogativas. A causa ainda congrega ex-aliados de Bolsonaro, como os deputados Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (PSL-SP).


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