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Copa América ‘não é evento de grandes proporções’, diz ministro da Saúde

Marcelo Queiroga ignora na CPI da Covid que Copa América “hospedará” por um mês no país quase 3 mil estrangeiros, entre delegações e outros profissionais

Jefferson Rudy/Agência Senado
Jefferson Rudy/Agência Senado
Segundo o ministro, operadores poderiam oferecer planos adequados ao perfil de cada cliente

São Paulo – Em novo depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira (8), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a Copa América que será realizada no Brasil não é “evento de grandes proporções”. Isso em se tratando de torneio com início no próximo domingo (13) que terminará 28 dias depois, em 10 de julho, quando o Brasil terá perdido mais de 500 mil vidas para a covid-19. Assim, a competição vai reunir 10 seleções do continente, que farão 28 partidas, em cinco cidades-sede. Ao todo, jogadores e comissões técnicas somam cerca de 650 participantes. Além disso, mais de 2 mil profissionais de imprensa já se credenciaram para cobrir o evento.

“Esse não é um evento de grandes proporções. A Copa América é um evento pequeno, com um número pequeno de pessoas. Não é uma Olimpíada”, afirmou o ministro. “Os protocolos apresentados ao Ministério da Saúde são seguros. E permitem dizer que não teremos riscos adicionais para os jogadores que participam dessa competição“, acrescentou.

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O ministro Marcelo Queiroga alegou na CPI da Covid que a prática de esportes está liberada, no Brasil, durante a pandemia. Além disso, o torneio vai ocorrer sem a presença de público. Desse modo, ignorou o fato de que a competição “hospedará” no país seleções e delegações estrangeiras por 28 dias. E que portanto, não pode ser comparada com competições nacionais, e nem mesmo internacionais. No caso da Libertadores, por exemplo, os times viajam para uma disputa e retornam ao país de origem. Por outro lado, afirmou que a vacinação dos jogadores não será uma pré-condição, como havia estipulado o ministro-chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos. Mas serão requeridos testes RT-PCR negativos para autorizar a entrada das delegações estrangeiras.

Queiroga afirmou, ainda, que os participantes deverão permanecer “em bolhas”, isolados no hotel. E terão que fazer uso de máscaras nos deslocamentos. Ele também destacou que jogadores e comissões contam com planos de saúde, e serão atendidos na rede privado, negando que possa haver consequências para o sistema público de saúde.


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Ele, no entanto, negou que tivesse dado autorização para a realização do evento, conforme havia dito o presidente, Jair Bolsonaro. Segundo ele, essa decisão “não compete ao ministério”. “Minha função não foi dar aval ou não. O que o presidente pediu foi para que avaliasse os protocolos da CBF e da Conmebol. E são protocolos que permitem a segurança para a ocorrência dos jogos no brasil. Não vejo, do ponto de vista epidemiológico, justificativa que fundamente a não ocorrência do evento. O risco de a pessoa contrair a Covid-19 será o mesmo com o jogo ou sem o jogo.”

Para o ministro, “não existem provas” de que a realização de jogos de futebol aumentem o risco de contaminação. Ele afirmou à Comissão que, no ano passado, foi registrado apenas um caso de transmissão ocorrido durante os jogos do Campeonato Brasileiro. O senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI, contraditou Queiroga, lembrando que cerca de 320 jogadores foram contaminados durante o campeonato brasileiro da série A de 2020.

Variante Bolsonaro

No mês passado, Queiroga disse à Comissão que a sua chegada ao ministério representava uma sinalização de mudança do governo federal, acerca de medidas como distanciamento social, higienização e vacinação, abandonando o negacionismo que vigorava até então. Ele foi confrontado, então, por vídeos apresentados pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, que mostram seguidas aglomerações desencadeadas por Bolsonaro em eventos públicos nos últimos meses. Nessas ocasiões, o presidente foi flagrado dispensando o uso de máscaras.

Nesse momento, o ministro caiu em contradição. Primeiro, disse que Bolsonaro não tratou com ele acerca dessas atitudes. “O presidente da república não conversou comigo acerca das atitudes dele. Sou ministro da Saúde, não sou censor do presidente da República. As recomendações sanitárias estão postas. Cabe a todos aderir a essas recomendações”, respondeu.

Posteriormente, pressionado por Renan, afirmou que conversou com o presidente sobre o assunto. “As imagens falam por si só”, reagiu o ministro. “Não vou fazer juízo de valor a respeito da conduta do presidente. Já informei que conversei com o ele sobre esse assunto. Quando ele está comigo, na grande maioria das vezes, ele usa máscara”, relatou Queiroga.


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