Compra de votos

Ministros de Bolsonaro ofereceram cargo por apoio à venda da Eletrobras, denuncia senador

Líder do PSDB no Senado afirma ter sido procurado antes da votação da MP pelas pastas de Turismo e da Casa Civil. Caso foi revelado após exoneração do filho do senador da Secretaria Especial da Cultura

Waldemir Barreto/Ag. Senado
Waldemir Barreto/Ag. Senado
Em troca de apoio à venda da estatal, os ministros ofereceram a nomeação de um indicado do parlamentar a um cargo público

São Paulo – De acordo com o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), os ministros da Casa Civil, Luiz Ramos, e do Turismo, Gilson Machado, tentaram comprar seu voto ao oferecer um cargo em troca de voto a favor da da privatização da Eletrobras. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o senador denunciou ter sido procurado antes da votação do texto-base da Medida Provisória (MP) 1.031/2021, na quinta-feira (17), pelo governo de Jair Bolsonaro. Em troca de apoio à venda da estatal, os ministros ofereceram a nomeação de um indicado do parlamentar a um cargo público. 

Izalci Lucas chegou a ser vice-líder do governo no Senado até setembro do ano passado. Mas votou contra e orientou a bancada de seu partido a se contrapor à MP. Em resposta aos ministros, o senador afirmou ter respondido “que o texto era ruim para o país e que nunca votou em troca de cargo”. A denúncia veio a público na noite desta terça (22), depois de o filho do líder do PSDB no Senado, Sergio Ferreira, ser exonerado da Secretaria Especial da Cultura, quatro dias depois da votação. 

O filho do senador havia sido nomeado ao cargo de diretor de Empreendedorismo Cultural, segundo ele, no período em que a Cultura era subordinada ao Ministério da Cidadania, entre 2019 e 2020. Atualmente, a Secretaria Especial responde à pasta de Turismo, do ministro Gilson Machado. A demissão pegou de surpresa a secretaria chefiada por Mario Frias, segundo a reportagem. E, para senador, ela “deve ser um reflexo da votação da Eletrobras”.

Interesse contrário

Ao jornal, ele ainda alegou que, embora defensor da redução do Estado, a desestatização da Eletrobras foi feita “de qualquer maneira” e que a MP deve encarecer as tarifas de energia. A medida, entretanto, acabou sendo aprovada no Senado por um placar de 42 a 37 e encaminhada à Câmara, que carimbou a privatização nesta segunda. Criada há 50 anos como um projeto de desenvolvimento, a Eletrobras responde por quase 30% da geração de energia brasileira. 

Com a venda de interesse do governo Bolsonaro, a conta de luz de todos os brasileiros deve sofrer novos aumentos em breve. O cálculo é que a tarifa fique ao menos 25% mais cara


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