Rumo ao #19J

Maioria discorda de Copa América e aprova atos contra governo Bolsonaro

Há poucos dias dos atos de 19 de junho, pesquisa revela que 52% apoiaram atos contra o governo

reprodução
reprodução
Manifestações do 29M tiveram aprovação da maioria, segundo pesquisa

São Paulo – A desaprovação em alta do governo Bolsonaro e os atos contra o presidente devem continuar diante de mais uma investida contra a saúde pública: a realização dos jogos da Copa América no Brasil. O país que soma quase 500 mil mortes pela covid-19 aceitou ser sede dos jogos que têm início neste domingo (13) e vão durar 28 dias. Serão 10 seleções do continente jogando 28 partidas, em cinco cidades-sede. Jogadores e comissões técnicas somam cerca de 650 participantes, além de mais de 2 mil profissionais de imprensa.

Segundo pesquisa Exame Ideia, divulgada na sexta (11), 61% discordam da realização da Copa América no Brasil. Apenas 24% concordam e 16% não souberam opinar. Para 75% pode haver piora da situação da pandemia por causa dos jogos e 25% acham que isso não fará diferença. Entre os que desaprovam o governo, 80% não concordam com a realização dos jogos. Mesmo entre os que apoiam Bolsonaro, somente 52% concordam com o torneio no país.

Bolsonaro utiliza a Copa América como provocação, diz analista

 Os jogos estão entre os motes de mais um protesto contra Bolsonaro, convocado para o próximo sábado (19), convocados por um centena de movimentos populares e o movimento sindical. A mobilização tende a ter boa aceitação, segundo a pesquisa. Isso porque 52% dos pesquisados apoiaram as manifestações contra o governo, como as realizadas em todo o pais no último 29 de maio, o #29M. São 30% os que desaprovam e 18% não souberam opinar. Para 22%, não é hora de participar de manifestações, nem a favor nem contra.

Ruim ou péssimo

Segundo a pesquisa, 49% consideram o governo ruim ou péssimo. Esse número sobre para 56% entre os que pertencem às classes D e E. Consideram o governo ótimo ou bom 26% dos pesquisados. Para 23%, ele é regular e 2% não souberam avaliar. Desaprovam Bolsonaro como presidente 50%. São 25% os que aprovam e 23% nem aprovam, nem desaprovam. São 2% os que não sabem opinar. Num recorte de religião, 37% dos evangélicos aprovam a gestão de Bolsonaro, ante 20% de católicos.

“Nunca antes na série histórica, medida desde o início do governo, a desaprovação ficou por tanto tempo com um valor próximo dos 50%. O patamar foi alcançado no dia 25 de março. Os que avaliam o trabalho do presidente como ótimo ou bom somam 26%, e os que consideram como regular são 23%”, observa Maurício Moura, fundador do Ideia. Para ele, a vacinação lenta é o motivo pelo qual a desaprovação de Bolsonaro está tão alta por tanto tempo, uma vez que somente 11% da população foi imunizada no Brasil com duas doses da vacina.

atos contra bolsonaro
Mais de 50% nas regiões mais populosas atos contra Bolsonaro

Esse quadro deve levar a mais atos contra Bolsonaro. “É de esperar que em 2022, com a situação sanitária mais controlada, haverá várias manifestações nas ruas tanto do lado do presidente, com uma base de apoio que tem se mostrado resiliente e sólida, quanto dessa camada muito significativa da população, quase majoritária, que desaprova o presidente Bolsonaro”, diz Moura.

Crise da energia

Além da crise sanitária, o Brasil caminha para mais uma e de grandes dimensões sob o governo Bolsonaro. Entre os pesquisados, 75% afirmar estar informados sobre a crise hídrica e o aumento do preço da energia elétrica. Cai para 53% os que têm conhecimento do risco de racionamento de energia. Para 43%, entre os maiores problemas de uma crise energética está o aumento na conta de luz; para 32% o impacto na atividade econômica e no emprego; para 17% a falta de energia nas casas; 9% não souberam opinar.

“Quanto ao potencial racionamento de energia, achei relevante o número de 43% dos que acham que o aumento na conta de luz é um grande problema. Esse é um tema que a gente percebe em nossas pesquisas: a inflação tem sido uma preocupação cada vez mais presente no imaginário da opinião pública”, relata Maurício Moura.