FANTASMA DO BOLSONARISMO

Na CPI da Covid, Witzel ‘deixou uma bomba’ no colo de Bolsonaro ao citar Marielle

Ex-governador do Rio de Janeiro disse que sofreu sabotagem por investigador morte de vereadora e prometeu ‘revelações graves’ em reunião com portas fechadas

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado
Citado por Witzel, 'morte de Marielle Franco sempre vai assombrar a família Bolsonaro', disse Portella

São Paulo – O depoimento do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel na CPI da Covid, na última quarta-feira (16), foi uma bomba deixada no colo do presidente Jair Bolsonaro. Na avaliação do advogado criminalista José Carlos Portella Junior, ao citar a investigação da morte de Marielle Franco como fator de cisão com Bolsonaro, Witzel reviveu fantasmas que rondam a família presidencial.

Witzel afirmou que passou a ser alvo de “sabotagens” e “retaliações” por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro após mandar investigar a morte da vereadora do Psol. Esses embates com Bolsonaro, segundo ele, resultaram inclusive em boicotes a ações do governo estadual no combate à pandemia.

O advogado lembra que o senador Flavio Bolsonaro (Patriota-RJ) foi à CPI da Covid para intimidar Witzel, que rebateu dizendo que não era “porteiro” para se acusar com o governo federal. A fala era uma referência ao porteiro do condomínio em que Jair Bolsonaro tem residência no Rio de Janeiro. O porteiro inicialmente afirmou que os assassinos da vereadora Marielle Franco teriam ido à casa do presidente, mas depois mudou a sua versão, após pressão do ex-ministro Sergio Moro.

“A Marielle Franco sempre vai assombrar a família Bolsonaro. Enquanto os mandantes não forem revelados, o assunto sempre vai perseguir a família do presidente. Agora, Witzel, antigo aliado de Bolsonaro, retomou o tema e colocou a faca no pescoço deles”, analisou Portella à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

O ex-governador do Rio de Janeiro prometeu ainda que fará revelações “graves” sobre o caso do porteiro que citou o presidente Jair Bolsonaro nas investigações sobre o assassinato vereadora Marielle Franco. Ele pediu uma nova oitiva com portas fechadas.

“É preciso esperar o possível novo depoimento de Witzel com as portas fechadas, que joga muita carga sobre os ombros do Renan Calheiros e Omar Aziz, pois indica que tem muita coisa para revelar. Pode ser uma bomba no colo de Bolsonaro”, acrescentou o advogado criminalista.