Conjuntura

‘Bolsonaro deve ser tirado de cena agora. Se sobreviver, tem chances de se reeleger’

O economista Paulo Nogueira Batista avalia que a economia brasileira tende a evoluir de maneira que favoreça o presidente em 2022 e afirma que essa “é a hora de partir para a jugular”, aproveitando de seu momento de maior fragilidade

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
O governo chegou a criar três versões diferentes para tentar livrar Bolsonaro

São Paulo – A economia brasileira deve favorecer a reeleição do presidente Jair Bolsonaro em 2022. É o que adverte o economista Paulo Nogueira Batista Jr. em análise sobre os possíveis efeitos do quadro econômico prospectivo brasileiro de agora até final do próximo ano. Batista falou ao Seu Jornal, da TVT. O ex-diretor pelo Brasil e outros países no Fundo Monetário Internacional (FMI), que já atuou como vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento estabelecido pelos BRICs, afirma que “até onde se possa perceber, a economia tende a evoluir de uma maneira que o favoreça”. 

Longe de uma recuperação espetacular, a economia deve concentrar resultados mais promissores no setor primário exportador, segundo Batista. Nesse caso, a agropecuária e atividades de extração mineral. As áreas de indústria e serviços tendem a continuar fracas ainda no próximo ano. O economista também acredita que a inflação deva ceder e a atividade econômica possa ganhar ímpeto, contribuindo – com atraso – para a recuperação do emprego. Esses resultados, contudo, em nada deverão às reformas estruturais anunciadas pelo governo federal, conforme ele aponta. Um dos fatores fundamentais, entre os vários, é o avanço da vacinação contra a covid-19, “ainda que com o atraso criminoso” do próprio Bolsonaro, como ressalta. 

A pandemia, dentro desse cenário, ainda que não esteja superada em 2022, não deve atingir em cheio a economia e a sociedade brasileira, como prejudicou, por exemplo, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Batista acrescenta ainda que “o presidente que se candidata à reeleição, pelo fato de estar no cargo, já tem uma vantagem considerável. Ele tem a máquina na mão, a exposição na mídia que naturalmente decorre da condição de presidente. Não é por acaso que todos os ex-presidentes que tentaram a reeleição desde que o instituto da reeleição foi aprovado nos anos 90 conseguiram se reeleger”, elenca o economista. 

Hora de agir é agora

Batista explica, por fim, que suas análises têm o tom de advertência. Segundo ele, o futuro, ainda que incerto, e a economia sujeita a “chuvas e trovoadas”, são indispensáveis para a tomada de decisões hoje. Isso significa aproveitar “este que é o momento mais frágil do atual presidente”, ressalta. “Há que, portanto, fazer o máximo possível para tirá-lo de cena agora. Porque se ele sobrevive no cargo até as eleições, ele tem chances importantes de se reeleger. O que seria uma catástrofe para o Brasil”, aponta o economista, que defende os protestos populares como uma forma de pressão para derrubar o mandatário.

“Temos motivos econômicos e razões políticas para acreditar que Bolsonaro será sim um candidato forte, caso ele chegue as eleições. Por isso que digo e repito que é a hora de partir para jugular. E, em particular, é importante que cada um de nós faça a sua parte. Temos manifestações convocadas novamente para sábado, 19 de junho, a segunda manifestação importante, a primeira foi em 29 de maio que foi um sucesso. E acredito que essa tenha que ser um sucesso ainda maior, para dar uma demonstração de inconformismo do Brasil com a barbárie que tomou conta do governo em Brasília”, conclui o economista. 

Leia mais: 19J: pelo menos 180 cidades já confirmam manifestações contra Bolsonaro

Confira a análise na TVT