Internet

Pelo Twitter, ‘argumentos’ de Pazuello na CPI da Covid são desmentidos em tempo real

Políticos, jornalistas e ativistas postaram no Twitter diversas referências à falta de vacinas, crise do oxigênio hospitalar em Manaus e tratamento precoce, desbancando as falsas afirmações do ex-ministro

Free-Photos / Pixabay
Free-Photos / Pixabay
Hashtags #CPIdaCovid e #PazuelloDay bombaram na rede

São Paulo – As argumentações do general Eduardo Pazuello foram sendo desmentidas quase que automaticamente no Twitter conforme avançava seu depoimento de hoje (19) à CPI de Covid. À medida que o ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro ia tentando se explicar sobre a falta de vacinas, crise do oxigênio hospitalar em Manaus ou tratamento precoce, a rede social ia sendo inundada por contraposições postadas por políticos, jornalistas e ativistas.

Alexandre Padilha, por exemplo, médico e deputado federal (PT-SP), além de ex-ministro da Saúde do governo Dilma, fixou um tuíte chamando atenção para a diferença de versões sobre a demora na compra de vacina dadas pela Pfizer e por Pazuello na CPI da Covid. “Pfizer disse que NÃO RECEBEU NENHUMA RESPOSTA DO GOVERNO BOLSONARO, mas Pazuello tá dizendo que respondeu. QUEM ESTÁ MENTINDO? VALENDO!” Em outro post, Padilha disparou: “Não se enganem com o tom do meliante: Pazuello está MENTINDO dentro do Senado Federal e para o Brasil todo ver. GRAVÍSSIMO!”

‘Manaus foi cobaia’

A presidenta do PT e deputada federal pelo Paraná, Gleisi Hoffmann, perguntou “Como pode mentir desse jeito na CPI?” em post com matéria da TV Brasil sobre o lançamento pelo Ministério da Saúde de um aplicativo que indicava tratamento pra covid por cloroquina. A parlamentar contestava alegação de Pazuello na CPI de que o aplicativo foi ativado indevidamente. “Capitã Cloroquina montou o aplicativo que indicava tratamento pra covid. Foi divulgado pela própria TV do governo. E Pazuello nega na maior cara de pau! Como disse Omar Aziz, Manaus foi cobaia!”

Gleisi também criticou a frase de Pazuello “Missão Cumprida”, como resposta para o motivo de sua saída do ministério da Saúde. “Estímulo ao uso e produção de cloroquina a rodo, falta de remédios para intubação, oxigênio, testagem…A lista é enorme, assim como a dor dos filhos que ficaram órfãos, de pais que perderam filhos. Essa foi a missão cumprida de Pazuello”, disse. A frase do depoente, aliás, foi alvo de uma chuva de críticas, a maior parte dela lembrando o quase meio milhão de mortes por covid-19 já registrados no Brasil.

Desmentindo Pazuello na CPI da Covid

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou que “Pazuello está cometendo crime em flagrante, e em rede nacional, ao mentir descaradamente na CPI sobre a compra de vacinas”. Jeff Nascimento, coordenador de Pesquisa e Incidência em Justiça Social e Econômica da Oxfam Brasil, chamou a atenção para manifestação do Tribunal de Contas da União (TCU) desmentindo declaração de Pazuello de que o órgão havia recomendado recusar a compra de vacinas da Pfizer

O perfil Desmentindo Bolsonaro apresentou uma série de posts com sugestões de perguntas e contraposições de versões apresentadas pelo ex-ministro da Saúde no depoimento.

Como chegamos?

Mariana Varella, editora-chefe do Portal Drauzio Varella e filha do médico, deixou uma pergunta irônica: “como chegamos a mais de 430 mil mortos? Afinal, adotamos medidas preventivas, fizemos boa comunicação, mta testagem, compramos todas as vacinas necessárias, o governo federal colaborou c/ estados e municípios, compramos insumos…”

Kennedy Alencar, colunista do UOL, foi cirúrgico na análise sobre o papel da chamada grande imprensa na crise. “Muito bom ver a indignação da imprensa hoje com o Pazuello. Se tivesse usado 10% dela quando o general ‘especialista em logística’ era ministro da Saúde, talvez os números da pandemia fossem outros”

Bela Megale, colunista do O Globo, comentou sobre a compra de vacinas da Pfizer. “Pazuello diz que assunto Pfizer parece ‘complexo’, mas é ‘simples de compreender’. É simples mesmo, a Pfizer ofereceu as vacinas e o governo federal ignorou por meses a proposta, fato que custou a vida de muitos brasileiros.”

E os testes, general?

Marília Arraes, deputada federal (PT-PE), confrontou alegações sobre testagem. “Pazuello diz, na CPI da Covid, que todos os testes disponíveis no Brasil foram utilizados. Em janeiro solicitei que parte dos 7 milhões de kits de testagem guardados em um galpão em SP fosse enviado a Pernambuco. Nunca recebemos reposta”.

O vereador do Rio de Janeiro Tarcísio Motta (PSOL) atacou a postura do ex-ministro de Bolsonaro em relação ao chamado tratamento precoce. “Pazuello fala agora que não há remédios com eficácia comprovada contra a COVID. Hipócrita! Passou meses defendendo o desvario da Cloroquina.”

O ator Gregorio Duvivier chamou a atenção para contradições da fala de Pazuello na CPI da Covid, retuitando conteúdo do perfil Tesoureiros do Jair sobre a crise da falta de oxigênios em Manaus com o conteúdo “Pazuello, em Manaus, disse que estava ciente da falta de oxigênio na cidade. E que não podia fazer NADA a respeito”. Leandra Leal, atriz, postou “Marcos Rogério disse que o Governo Federal não recomendou cloroquina. Vamos aos fatos:”, seguida de série de fotos de Bolsonaro com caixas de cloroquina. Marcos Rogério (DEM-RO) é um dos senadores integrantes da tropa de choque de Bolsonaro na CPI.

Joel Luiz Costa, advogado criminalista, postou “Envelheceu como Vinho” em cima da imagem de uma manifestção de Osmar Terra de 2012 com os dizeres: “Liberar drogas é como não vacinar população em meio à uma grave edpidemia viral, com discurso de que as pessoas desenvolverão imunidade sozinhas”. A postagem de Joel Costa veio sobre o momento da CPI em que falava-se sobre uma suposta política de imunidade de rebanho sugerida pelo mesmo Osmar Terra para enfrentar a pandemia.


Leia também


Últimas notícias