CPI DA COVID

Depoimento de Mayra Pinheiro comprova improbidade do governo, afirma epidemiologista

Pedro Hallal afirma que produção de medicamento ineficaz contra covid-19 é crime do presidente Jair Bolsonaro

Edilson Rodrigues/Agência Senado
Edilson Rodrigues/Agência Senado
Hallal acredita que o depoimento de Mayra foi o mais importante da CPI até o momento, já que expôs a vontade do governo em bancar um medicamento sem eficácia

São Paulo – O depoimento da médica Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, à CPI da Covid nesta terça-feira (25) comprova que houve improbidade administrativa do governo Bolsonaro ao incentivar a produção e uso de medicamentos ineficazes no combate ao coronavírus. A afirmação é do epidemiologista Pedro Hallal, coordenador do Epicovid-19, estudo que vai estimar o percentual de brasileiros infectados por idade, gênero, condição econômica, município e região geográfica, entre outros dados.

A secretária de Saúde disse que buscou seguir apenas as recomendações favoráveis aos medicamentos, com base no Conselho Federal de Medicina (CFM), que não é formado por cientistas e pesquisadores, e ignorou diversos órgãos técnicos. Hallal acredita que o depoimento de ontem foi o mais importante da CPI até o momento, já que expôs a vontade do governo em bancar um medicamento sem eficácia.

“Testar cloroquina em março de 2020 era aceitável, o problema é seguirem fazendo isso ainda neste ano, depois de vários estudos mostrando que ele não serve para covid-19. O investimento de dinheiro público para produzir cloroquina, depois que ficou provada a ineficácia dela, é um tema para ser investigado, pois configura improbidade administrativa”, afirmou o epidemiologista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

Negacionismo

Mayra Pinheiro também confirmou ter informado à secretaria de Saúde do Amazonas que era “inadmissível” não adotar a orientação para utilização da cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina para o tratamento de pacientes com a covid-19. A secretária de Saúde também se esquivou da culpa de não fornecer oxigênio no colapso de Manaus.

Para o especialista, a questão de Manaus ficou esclarecida, contradizendo o ex-ministro Eduardo Pazuello. “É igual o valentão da escola que, quando vai para a diretoria, bota a culpa no colega. É lógico que o sistema tripartite exige uma atuação articulada, mas não tem como uma secretaria estadual ou municipal dar conta do crescimento enorme de casos, como ocorreu em Manaus. Era preciso entrar uma coordenação nacional do Ministério da Saúde, que foi até o local promover o tratamento precoce e impedir o lockdown na cidade”, disse Pedro.

A médica também questionou a aplicação de medidas de restrição nas cidades e defendeu a tese da ‘imunidade de rebanho’ em crianças. “Não tinha como ela fugir desses temas, porque ela já desdenhou da ciência publicamente. O que mais a CPI precisa investigar depois da manifestação de domingo, com o presidente e ex-ministro Eduardo Pazuello estimulando aglomeração sem máscara? Por mim, fazia logo o relatório e acabou”, questionou o epidemiologista.

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