REPRESSÃO

‘Policiais de Recife estavam dispostos a ferir ou matar manifestantes’, afirma vereadora Liana Cirne

Ação policial feriu diversas pessoas e deixou dois homens cegos de um olho

Hugo Muniz
Hugo Muniz
A parlamentar afirma que a ação policial foi ordenada por alguém. 'Todos os vídeos mostram que os manifestantes só fugiram para se proteger'

São Paulo – A Polícia de Militar de Pernambuco reprimiu com violência a manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro, no último sábado (29), realizada em Recife. A vereadora Liana Cirne (PT), agredida com gás de pimenta, afirma que a truculência policial foi coordenada e com a disposição de “ferir ou matar” os manifestantes.

Apesar da manifestação ter sido pacífica, os policiais atiraram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, usando spray de pimenta contra os manifestantes nas proximidades da ponte Duarte Coelho, região central da cidade. A vereadora, que também é advogada, tentou conversar com os policiais que atiravam contra a população, mas foi atingida pelo spray a poucos metros de distância.

“Todos os vídeos mostram que os manifestantes só fugiram para se proteger, não havia confronto. A ação policial foi de perseguição sob um comando para esse ato, houve um planejamento para essa emboscada. Eles estavam dispostos a ferir ou matar pessoas”, disse em entrevista a Marilu Cabañas, no Jornal Brasil Atual.

Violência policial

Dois homens perderam a visão de um olho após serem atingidos por tiros de bala de borracha a curta distância, disparados por policiais na capital pernambucana, durante as manifestações contra Bolsonaro. O adesivador Daniel Campelo da Silva, 51 anos, e o arrumador Jonas Correia de França, 29, foram atingidos no rosto e tiveram lesões permanentes. Daniel, no olho esquerdo, e Jonas, no olho direito.

Liana Cirne acredita que sua intervenção foi importante para frear a truculência policial. Ela relata que os PMs estavam descontrolados. “Fui foi tentar conversar com os policiais e vimos um grupo gigante de pessoas correndo e pedindo socorro. Então, peguei minha carteira de vereadora e fui até a viatura. Quando mostrei a minha identificação, achei que se acalmariam, mas ficaram mais raivosos. E não me arrependo, pois se não fizesse isso, teríamos mais pessoas cegas”, disse ela.

O governador Paulo Câmara (PSB) disse que o comandante da operação e quatro policiais militares envolvidos na agressão à vereadora do Recife foram afastados das funções e são investigados. “O governador Paulo Câmara disse que os PMs descumpriram as ordens do governo do estado. Ele não está alinhado, teoricamente, com o governo Bolsonaro, porém o bolsonarismo está infiltrado nas polícias e vimos essa possibilidade na prática em Pernambuco. Isso é um sinal de alerta a todos os governadores do Brasil”, finalizou.

Confira a entrevista


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