Infodemia

Falas de Bolsonaro e desinformação agravam mortes pela covid-19, aponta relatório

Artigo 19 produz relatório que mostra o excesso de informações falsas na gestão da pandemia pelo governo federal

Reprodução / Artigo 19
Reprodução / Artigo 19
Ilustração no relatório: governo Bolsonaro lança mão da desinformação na gestão da pandemia

São Paulo – Em meio a uma CPI para investigar as omissões e irregularidades do governo Bolsonaro no combate ao coronavírus, a organização Artigo 19 divulgou, na última semana, estudo apontando para a desinformação ou informações conflituosas divulgadas pelo governo federal e seus ministérios. A pesquisa, intitulada ‘Infodemia e a covid-19 – A informação como instrumento contra os mitos’, é fruto de pedidos de informação feitos ao Ministério da Saúde e comparados com declarações oficiais da pasta e da presidência da República.

O termo ‘infodemia’ significa um excesso de informações, algumas verdadeiras e outras falsas, sobre determinado tema. Segundo Ana Gabriela, coordenadora de Acesso à Informação e Transparência da Artigo 19, dentre as informações analisadas pela Organização, 85% foram caracterizadas como infodemia.

Ela afirma que esse enquadramento se dá em função de três características no tratamento às informações dado pelo governo. Isso ocorre “seja pelo apagão ou inexistência de informações; seja pela desinformação intencional, que é oposta à diretriz científica; ou seja pela informação desonesta, que se dá quando uma parte da informação é verdadeira e outra é falsa. Nós verificamos esses 3 pontos em 85% das informações”.

Outro ponto que Ana Gabriela chama a atenção é em relação à falta de informação sobre insumos comprados pelo governo. Segundo a coordenadora de Acesso à Informação e Transparência, essa manobra é irregular perante a Lei de Acesso à Informação.

“Há informações dissonantes quanto à compra de insumos, que não teve contratos divulgados. Um exemplo de informação reservada até 2023 é quanto à compra de vacinas. Não há fundamento na Lei de Acesso à Informação que permita isso”, afirmou.

País de portas abertas para o vírus

O médico especialista em infectologia e saúde pública Gerson Salvador, que desde o começo da pandemia da covid-19 se encontra na linha de frente de combate ao coronavírus, analisa que além de promover a desinformação, o governo Bolsonaro foi omisso em diferentes pontos desde o começo da pandemia.

“O Brasil não fez vigilância de aeroportos para ter controle das pessoas que estavam entrando no país no início da pandemia. O país também testou muito pouco. Quando a gente se deu conta de que estava sendo afetado pela pandemia o vírus já estava espalhado pelo país”, afirmou Gerson.

Confira a reportagem na Rádio Brasil Atual

Confira a íntegra do relatório da Artigo 19

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