Um manda, outro obedece

Bolsonaro intervém e proíbe nota pública do Exército contra Pazuello

Segundo Estadão, apesar de previsões de que ex-ministro seria punido, Bolsonaro interveio para evitar que Exército se manifestasse sobre participação de Pazuello em ato no Rio com motociclistas

Valter Campanato/ABR e Reprodução
Valter Campanato/ABR e Reprodução
O jornal britânico "The Guardian" afirmou que manifestação de Bolsonaro, com participação de Pazuello, foi “carreata obscena”

São Paulo – Apesar de a presença do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na manifestação deste domingo (23) com Jair Bolsonaro, em uma “carreata” de motociclistas, no Rio de Janeiro, ter provocado indignação nos meios militares, na classe política e na sociedade civil, até a publicação desta matéria nenhuma medida foi tomada contra o general. A informação de que ele seria enviado à reserva – por violar o artigo 45 do Estatuto Militar, que proíbe a participação de oficiais da ativa em atos políticos – não foi confirmada.

Segundo O Estado de São Paulo, Bolsonaro e o ministro da Defesa, general Braga Netto, proibiram ao Comando do Exército a divulgação de uma nota nesta segunda-feira (24) sobre a participação de Pazuello no ato político com o chefe. A ordem, segundo o jornal, foi cumprida. Assim, o Exército acabou não se pronunciando e cancelou a nota.

Uma eventual punição ao ex-ministro da Saúde e general depende agora de um processo no qual o militar deve apresentar suas alegações de defesa. Ele será notificado e a investigação pode levar 30 dias. O vice-presidente Hamilton Mourão disse hoje que “é provável” que seja punido. “Ele também pode pedir transferência para a reserva e aí atenuar o problema”.

Pazuello será reconvocado pela CPI

O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que não terá “a paciência” das sessões anteriores. em relação aos próximos depoentes. “Se amanhã eu tomar a decisão de prender um depoente mentiroso… tenha certeza que a CPI não acabará”, disse em entrevista ao Uol. “Se ele tiver um habeas corpus, não vou poder prendê-lo… Manda ele sem habeas corpus lá, ele não vai brincar mais com a CPI e a população brasileira … Se mentir sairá algemado de lá”, garantiu.

Um dos mais influentes jornais europeus, o britânico The Guardian publicou no domingo uma matéria sobre o passeio do presidente brasileiro de moto. Com o título “Milhares de pessoas se manifestam na carreata ‘obscena’ de Jair Bolsonaro”, o texto diz que “após 450.000 mortes de Covid, o presidente desfila pelo Rio em um esforço para reenergizar a extrema direita em declínio, enquanto a ira pública cresce sobre sua forma de lidar com o surto de Covid no país”.


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