Fim do 'Tucanistão'?

São Paulo precisa de ‘alternância de poder’, diz Haddad

Segundo o petista, após décadas de domínio tucano, estado de São Paulo vem perdendo importância no cenário nacional

Reprodução/TVT
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Haddad não nega nem confirma se será candidato ao governo paulista, mas defende "frente progressista"

São Paulo –  O ex-prefeito da capital paulista e ex-candidato à presidência Fernando Haddad disse nesta terça-feira (27) que São Paulo, após quase 30 anos de governos do PSDB, precisa “desesperadamente” de alternância de poder. Ele não confirmou se será candidato a governador, mas disse que tem se dedicado a estudar os problemas do estado. E defendeu uma “frente progressista” para romper a hegemonia local dos tucanos.

Segundo Haddad, a eleição nacional é que vai organizar os palanques estaduais. Nesse sentido, ele afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, virou um “centro de gravidade muito forte”, após ter seus direitos políticos recuperados.

“Defendo que temos que ter um nome, mas sobretudo um programa representativo dos anseios dos paulistas. Para promover uma alternância do poder, alinhada com a candidatura do Lula”, disse Haddad, em entrevista a Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (27). Na primeira parte da conversa, Haddad afirmou que presidente Jair Bolsonaro é o “pior exemplo mundial” no combate à pandemia.

Segundo ele, tanto em São Paulo como em outros estados das regiões Sul e Sudeste, é preciso lançar “nomes progressistas”, com programas que dialoguem com “com a modernidade, o desenvolvimento e a justiça social”.

De acordo com as últimas sondagens, Haddad vem liderando a disputa pelo governo paulista. Por exemplo, na pesquisa Ipespe/Valor divulgada no início do mês, ele tem 20% das intenções de voto, à frente de Márcio França (PSB) , 18%, e Geraldo Alckmin (PSDB), 17%.

Locomotiva emperrou

Sobre o legado tucano, Haddad afirmou que “tem muita coisa para arrumar” no estado, como “contratos com gordura” e “cabides de empregos. Ele citou acordo firmado, no ano passado, entre a empreiteira Ecovias e o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para a devolução de R$ 638 milhões que foram desviados em contratos com o governo estadual. Disse ainda que o governador João Doria, bem como o seu padrinho e antecessor Alckmin, queriam “privatizar ou fechar” o Instituto Butantan, hoje responsável pela produção da vacina Coronavac.

Além disso, Haddad afirmou que o estado de São Paulo vem perdendo “importância relativa” na economia nacional. Segundo ele, isso se dá por conta das gestões atrasadas do PSDB, mas também por conta da ascensão do estados do Nordeste nas últimas décadas, governados majoritariamente pelo PT e partidos aliados, como o PCdoB e o PSB.

Disputa nacional

Haddad também afirmou que a volta de Lula à disputa política vem causando um “um realinhamento de forças no país”. Com o objetivo principal de derrotar “o sectarismo e o fascismo do Bolsonaro”. Mais importante do que ter apenas um nome de oposição, segundo ele, é estabelecer um compromisso de derrotar o projeto bolsonarista no segundo turno.

Como exemplo, ele citou declarações recentes do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afirmando que votaria em Lula contra Bolsonaro. Também citou Doria, que disse ter se arrependido do apoio dado ao atual presidente. Por outro lado, alfinetou o pré-candidato Ciro Gomes (PDT). “Veja a diferença: o Ciro dizendo que volta para Paris e o Fernando Henrique dizendo que vota no Lula”, ressaltou.

O petista também citou o artigo do empresário Ricardo Semler, publicado no jornal Folha de S. Paulo, no qual alerta para a miopia do empresariado nacional à espera de uma “terceira via”, que não seja nem Lula nem Bolsonaro. Segundo Haddad, esses setores “não enxergam” que os governos do petista foram “muito melhores”, tanto para os próprios empresários, como para o Brasil como um todo.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira


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