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Rejeição ao governo Bolsonaro vai a 75% no Nordeste, mas fica estável no país

Desaprovação na região com o segundo maior colégio eleitoral do país saltou de 62% e foi para 74% em duas semanas. Estados do Sul seguram derretimento

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Desaprovação do trabalho de Bolsonaro saltou nove pontos percentuais no Nordeste

São Paulo – A rejeição ao governo Bolsonaro na região Nordeste, segundo maior colégio eleitoral do país, saltou de 62% para 75% em duas semanas, de acordo com Pesquisa PoderData divulgada nesta quarta-feira (28). A taxa nacional de desaprovação ficou em 57%, semelhante à medição anterior (56%), muito por conta dos resultados apurados nos três estados do Sul. No Sudeste ela permaneceu igual, no Centro-Oeste cresceu e, no Norte, diminuiu. Os percentuais de aprovação, 35%, e de quem não soube responder, 8%, também ficaram estáveis.

Entre os eleitores do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a rejeição ao governo Bolsonaro caiu de 49% para 36%. Em São Paulo, Minas, Rio de Janeiro e Espírito Santo, região com o maior número de votantes do país, a taxa se repetiu: 56%. No Norte caiu de 47% para 41% e no Centro-Oeste passou de 62% para 67%. O levantamento foi realizado entre 26 a 28 de abril com 2,5 mil entrevistados em 482 municípios de todas as 27 unidades da federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

A avaliação específica do presidente como ruim ou péssimo também disparou no Nordeste, saltando de 53% para 62%. Neste ponto, houve crescimento no Sul, apesar de tímido: de 38% para 41%. Nas outras três regiões a avaliação recuou, com destaque para o Norte, de 58% para 38%. No Sudeste foi de 58% para 51% e no Centro-Oeste de 59% para 55%. No geral, 51% consideram o trabalho de Bolsonaro ruim ou péssimo contra 55% de duas semanas atrás. Outros 26% consideram ótimo ou bom, mesma fatia do levantamento anterior, e 19% apontaram como regular, apenas 1 ponto percentual acima. O “não sabem” foi de 1% para 4%.

Capitaneando a oposição

Para o cientista político, sociólogo e pesquisador Alberto Carlos Almeida, a rejeição do governo federal no Nordeste assegura que a oposição coloque seu candidato no segundo turno das eleições presidenciais ano que vem. “(Na pesquisa), 62% de ruim ou péssimo, significa 62% dos eleitores muito propensos a votar no candidato de oposição ao Bolsonaro em 2022. Ou seja, isso dá 62% de 23% (total de eleitores do nordeste), o que já dá 14%, se tivesse zero nas demais regiões do país, coisa que não vai acontecer. Então é isso que assegura que o candidato do PT, quem quer que seja, vá para o segundo turno“, diz.

“A (relação) população/eleitorado é mais ou menos a mesma coisa. (As regiões) Norte mais Centro-Oeste representam 15% do eleitorado brasileiro. O três estados do Sul, 15%. Então temos aí 30%. Ou seja, Nordeste mais Sudeste representam 70% do eleitorado. O Nordeste tem 23% e o Sudeste 47%. O Nordeste tem mais ou menos o tamanho de São Paulo (24%). Então, na gangorra eleitoral, o Nordeste inteiro e São Paulo são equivalentes”, acrescenta.

Balança do regular

A pesquisa mediu ainda para que lado tende a pender a percepção entre os 19% que consideram regular o trabalho de Bolsonaro. Para isso, o PoderData faz um cruzamento das respostas desse grupo com os que aprovam ou desaprovam o governo como um todo. O resultado mostrou queda de sete pontos percentuais, de 51% para 44%, nos que aprovam e estabilidade em 33% dos que desaprovam. Entre os que não sabem, saltou de 16% para 23%.