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‘Mercado deveria ir a Aparecida pagar promessa para eu voltar’, diz Lula

Provocado sobre “tamanho” do Estado, Lula responde que o Estado não precisa ser controlador, mas indutor de investimento e ter gestão democrática

CC.0 wikimedia
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São Paulo – Em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, na BandNews, nesta quinta-feira (1º)o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre a importância do Estado para a economia do Brasil. O jornalista admitiu ser a favor de um Estado mais presente na saúde, na educação, na segurança pública. “Mas precisa de tanta estatal? Estado forte não quer dizer Estado presente na economia, não precisa ser o controlador”, questionou Azevedo, levantando a Lula argumentos frequentes dos chamados representantes do mercado.

Lula, por sua vez, lembrou que a Petrobras não é uma mera estatal. “É uma empresa pública de economia mista assim como o Banco do Brasil”, explicou, assinalando a presença do capital privado na empresa, inclusive no mercado de ações. “Sou contra o governo empresarial. Sou favorável a um governo que seja indutor do processo de desenvolvimento”, afirmou Lula, dizendo ser contra a privatização de setores estratégicos da economia nacional.


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“Furnas pode ser economia mista. Eletrobrás e Caixa também. O Estado precisa ter instrumento de fazer investimento”, afirmou, lembrando uma de suas conversas com o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por ocasião da quebra do banco Lehman Brothers, em 2008. “Eu disse que a crise aqui era marolinha. E quem investiu foi Banco do Brasil, Caixa, Petrobras e BNDES. Obama disse: não tenho aqui esses bancos e se pensar em criar o Congresso vai me derrotar”, relatou Lula.

Controle social

O ex-presidente ressaltou que o importante é que o Estado seja democrático, destacando a importância do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com participação de empresários e trabalhadores. E as conferências nacionais promovidos por seu governo para a debater a construção de políticas públicas com a participação da sociedade. “Presidente não é dono da verdade. Não fui eleito para ser dono do Brasil. Conselho ajudava a pensar políticas públicas, fiz 74 conferências nacionais. Quero uma economia em que o Estado esteja presente”, disse.


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E pediu ao jornalista: “Tenta provocar um debate entre eu e esse tal de mercado. Quem é esse mercado que dá tanto palpite”, perguntou, para em seguida questionar se esse mercado se importa com as milhões de pessoas que estão vivendo nas ruas, passando fome, morando em espaços apertados e tendo de ficar em casa por causa da pandemia no novo coronavírus, ou com os 14 milhões de desempregados. “(O mercado) Quer viver de dividendos, de juro do governo, o que está fazendo de investimento no setor produtivo?”

Não fez governo avesso ao mercado

Reinaldo Azevedo disse reconhecer que Lula não fez um governo avesso ao mercado. “É preciso governar para todos, mas o povo pobre precisa subir um degrau na escala social”, afirmou Lula sobre seu governo. E destacou feitos como o aumento do salário mínimo, a erradicação da fome, a transposição do Rio São Francisco para levar água ao Semiárido nordestino, as 1,4 milhão de cisternas.


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“Esse mercado, se tivesse juízo, ia até Aparecida do Norte pagar promessa pra eu voltar”, brincou Lula. “Esse país nunca foi tão respeitado no mundo todo. O Brasil era protagonista internacional”, lembrou, ressaltando que por conta do povo brasileiro, ele foi o único presidente da história do país que participou do G8, grupo que reúne os países mais poderosos do mundo. “Criamos o G20 para tentar salvar a economia. Por que os líderes não se reúnem para discutir a covid-19. A vacina como bem público para todo mundo. Falta liderança para tomar decisão”, disse Lula.


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