Instalação adiada

Bolsonaro e aliados tentam tumultuar CPI da Covid. Carla Zambelli vai à Justiça contra Renan

Deputada extremista entrou com uma ação na Justiça Federal para tentar impedir que o senador Renan Calheiros, temido pelo bolsonarismo, seja relator da comissão

Marcos Corrêa/PR - 2019
Marcos Corrêa/PR - 2019
Deputada é uma das mais aguerridas militantes de Bolsonaro no Congresso Nacional

São Paulo – A avaliação de que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) na relatoria da CPI da Covid “assombra” o presidente Jair Bolsonaro se confirmou neste início de semana pelo próprio bolsonarismo na Câmara Federal. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) entrou, na segunda-feira (19), com uma ação na Justiça Federal para tentar impedir que o senador ocupe o posto na CPI da Covid. Já na manhã desta terça, veio a público que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), adiou a data da instalação da CPI. Antes prevista para quinta-feira (22), agora é esperada para terça-feira da semana que vem (27). A primeira reunião será semipresencial. O governo de Jair Bolsonaro é minoritário na comissão.

O adiamento – desejado por Bolsonaro – permite que o governo mantenha a pressão sobre Renan, inclusive judicial, faça articulações e tente durante a semana “convencer” senadores “independentes” a moderarem sua atuação.

Hoje, embora tardiamente, o YouTube removeu um vídeo de Bolsonaro, publicado no dia 14 de janeiro, no qual ele recomenda tratamento ineficaz contra a covid-19.

Acordo

Carla Zambelli justifica sua ação dizendo, no Twitter, que “a presença de alguém (Renan) com 43 processos e 6 inquéritos no STF evidentemente fere o princípio da moralidade administrativa”. “Outros parlamentares também ingressarão com ações”, promete a deputada. O relator da CPI é responsável pelas conclusões do parecer final, inclusive quanto a sugestões de indiciamentos de autoridades.

Por acordo fechado entre os partidos, Renan Calheiros ocupará a relatoria, o senador Omar Aziz (PSD-AM) a presidência e Randolfe Rodrigues (Rede-AC), líder da oposição, a vice. A votação para definir o presidente da CPI  – que depois escolhe o relator – deve ser secreta. Como é o membro mais velho do colegiado (73 anos), Otto Alencar conduzirá a reunião de instalação.

A criação da CPI foi determinada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira da semana passada (13), o que foi confirmado pelo plenário da Corte no dia seguinte. Na quinta (15), Pacheco criou a CPI. Bolsonaro sentiu o golpe desde a liminar concedida pelo ministro do STF. Disse ser “politicalha” de Barroso e que “falta coragem moral para Barroso e sobra ativismo judicial”.

Um dos temas que serão investigados pela CPI é a viagem do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a Israel, entre 6 de 10 de março, com uma comitiva de dez pessoas, incluindo o ex-chanceler Ernesto Araújo. A informação é do blog do jornalista Octavio Guedes, da Globo News.

Quem é quem na CPI (titulares)

  • Oposição: Humberto Costa (PT-PE), Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Tasso Jereissati (PSDB-CE)
  • Independentes: Omar Aziz (PSD-AM), Eduardo Braga (MDB-AM), Otto Alencar (PSD-BA)
  • Governistas: Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Girão (Pode-CE), Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC)


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