Grande dia

Hacker que expôs suspeição de Moro fez aniversário no dia do julgamento no STF

O chamado hacker de Araraquara completou 32 anos de idade no mesmo dia em que o STF anulou toda a participação do ex-juiz nos casos envolvendo o ex-presidente Lula

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
Sergio Moro

São Paulo – No dia em que comemorou o aniversário de 32 anos, Walter Delgatti assistiu à sessão virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) desta terça-feira (23). Foi no momento em que a Segunda Turma do STF sentenciou a suspeição do ex-juiz Sergio Moro em julgamentos de casos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Delgatti é o hacker que acessou mensagens trocadas via aplicativo Telegram entre Moro e procuradores do Ministério Público de Curitiba, liderados por Deltan Dallagnol. Os diálogos que revelaram o conluio entre e juiz e acusadores escancararam a suspeição de Moro para julgar Lula no âmbito da Lava Jato.

Confinado na casa da avó, o chamado Hacker de Araraquara, cidade do interior de São Paulo, comemorou o resultado do julgamento. “Foi o presentão que eu recebi”, disse ele, segundo o jornalista Joaquim de Carvalho, à amiga e advogada Mariani de Cássia Almas. Além da vó Otília, estavam na “festinha” o irmão Will e as tias Lourdes e Márcia. Comeram bolo enquanto acompanhavam pela TV o desfecho do julgamento que anula todos os processos de Moro contra o ex-presidente Lula. Joaquim vem produzindo uma série de reportagens sobre a história de Delgatti para o site Brasil 247.

Hacker de Araraquara

Delgatti começou a entrar na história da Lava Jato quando passou por perseguição judicial entre 2015 e 2017, segundo contou a Joaquim de Carvalho. Acabou preso injustamente por seis meses por tráfico de drogas, devido ao uso de um medicamento. Perdeu amigos, a namorada e precisou mudar de faculdade. Em uma audiência, viu o procurador que o perseguia mexendo no Telegram do celular e teve a ideia de investigar por conta própria. Foi o que fez e começou a descobrir toda a farsa que estava por trás de seu caso.

Acabou ampliando a “investigação” e chegou em Moro, Dallagnol e nos procuradores da Lava Jato em Curitiba, juntando 7 terabytes de dados. Uma parte foi vazada para o site The Intercept, mas depois a íntegra do material foi levada pela Polícia Federal, à época comandada pelo então ministro da Justiça Sergio Moro, onde passou por perícia na chamada Operação Spoofing.

Confirmação da suspeição de Moro

Os áudios interceptados por Delgatti não entraram, de fato, no julgamento da suspeição de Moro pelo STF, pois não estavam nos autos. Porém tiveram peso no voto da ministra Cármen Lúcia. Ela havia votado contra a suspeição em 2018, quando os diálogos ainda não haviam sido divulgados, mas ontem refez a decisão. A mudança de postura foi decisiva no resultado final da 2ª Turma do STF, que saiu de 3 a 2 a favor de Moro para 3 a 2 contra o ex-juiz.

Além de Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram pela suspeição de Moro. Edson Fachin e Kássio Nunes Marques se posicionaram contra.

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