Estado de direito

Suspeição de Moro encerra ‘ciclo tenebroso’ da Justiça brasileira

Especialistas alertam para danos causados pela operação Lava Jato, como a ascensão do fascismo

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
Advogado diz que Brasil vai demorar décadas para recuperar o prejuízo criado pelos desdobramentos da operação comandada por Sergio Moro

São Paulo – A confirmação da suspeição do ex-juiz de Sergio Moro, referendada pela Segunda Turma Supremo Tribunal Federal (STF), encerrou, nessa terça-feira (23), um “ciclo tenebroso” da Justiça brasileira, mas de maneira tardia. De acordo com especialistas, a operação Lava Jato causou múltiplos danos no Brasil, como a fragilização da democracia e a ascensão da extrema-direita.

Na avaliação do advogado criminalista José Carlos Portella Junior, integrante do coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia, a “justiça que tarda não pode ser considerada justiça”. Ele cita estragos provocados pela Lava Jato ao país.

“Demoliram os frágeis pilares da democracia do Brasil, a Lava Jato destruiu setores estratégicos econômicos e ainda gerou desemprego em massa. O Brasil vai demorar décadas para recuperar o prejuízo criado pelos desdobramentos da operação. Além disso, sem ela também não haveria a ascensão do nazifascista Jair Bolsonaro”, afirmou a Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual desta quarta-feira (24).

O cientista político e professor da Unicamp Wagner Romão acredita que o julgamento da suspeição de Moro também é um recado à politização do sistema de justiça. “Essa decisão encerra um ciclo tenebroso para a Justiça brasileira. O STF também se enrolou com o lavajatismo, sendo conivente com o que foi praticado pela operação, mas ao fim mostrou como ela foi um tribunal de exceção“, disse à jornalista Marilu Cabañas.

Vitória da verdade

Por 3 votos a 2, a o colegiado julgou que Moro agiu com parcialidade ao condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá. Romão classificou o julgamento como “uma vitória daqueles que batalharam pela busca da verdade”. “A democracia venceu, pois a Constituição Federal venceu também”, completou.

Portella Junior também celebrou a decisão do Supremo. Ele explica que a decisão do STF sobre a suspeição de Moro provou que o juiz tinha interesse na condenação de Lula. Agora, com o ex-juiz considerado incapaz e suspeito, o próximo magistrado que assumir o caso não poderá aproveitar a instrução processual.


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