Máscara

Para juristas, julgamento da suspeição de Moro é ‘enfrentamento direto’ a Fachin

“Lava Jato foi direcionada para prejudicar o Partido dos Trabalhadores”, diz Marcelo Uchôa. “Não se trata de determinar se onde vai ser o jogo, mas se o juiz é ou não ladrão”, explica Fernando Hideo

Nelson Jr./SCO/STF
Nelson Jr./SCO/STF
Ministro Edson Fachin tentou manobra para livrar Sergio Moro do julgamento de sua suspeição nos processos da Lava Jato. Não conseguiu

São Paulo – O julgamento, na tarde de hoje (9) do habeas corpus que pede a suspeição do ex-juiz e ministro de Bolsonaro, Sergio Moro, pedido pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi uma forma de “enfrentamento direto” ao relator do caso no STF, ministro Edson Fachin. A avaliação é do professor de Direito e membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, Marcelo Uchôa. Ele afirmou, durante entrevista ao programa Bom Para Todos, da TVT, que o voto de Gilmar Mendes foi “muito contundente contra essa postura desses malfeitores que operaram todos esses anos à frente da Lava Jato”.

Na tarde de ontem, ao anular as condenações do ex-presidente no âmbito da Lava Jato, declarando a 13ª Vara Federal de Curitiba incompetente para julgar ações envolvendo a Petrobras, Fachin também decidiu tornar sem efeito a votação – já iniciada – do julgamento da suspeição de Moro, que estava com pedido de vistas desde dezembro de 2018. No entanto, Gilmar Mendes decidiu chamar para ainda hoje a votação do habeas corpus, que é feito pela Segunda Turma do Supremo. “O Gilmar coloca isso, de que a Lava Jato foi direcionada para prejudicar o Partido dos Trabalhadores e retirar o presidente Lula da disputa eleitoral”, completa Uchôa.

“Cara de pau

Também ao Bom Para Todos desta terça, o advogado criminalista Fernando Hideo reafirmou que a decisão de Fachin, na tarde de ontem, foi juridicamente correta. Porém, as motivações as estratégias adotadas pelo ministro, em sua opinião, foram para preservar “a qualquer custo seus aliados que bradavam ‘Aha uhu o Fachin é nosso”. E concluiu: “Não esperava que ele tivesse essa cara de pau de vestir a camisa de Sérgio Moro e abandonar qualquer mínimo de dignidade que lhe restava para assumir a defesa de Moro e tentar de todas as formas, impedir o julgamento. E foi o que ele fez”, criticou.

Hideo explicou ainda a importância do julgamento da suspeição de Moro. Para além da decisão de ontem, que derrubou as condenações contra Lula, a comprovação de que o juiz agiu à margem da lei em relação à Lava Jato anulará todo os processos até a sua sentença. “Mais importante que dizer que o jogo deveria ter sido no campo de Curitiba ou no campo do Distrito Federal, em Brasília, era saber se o juiz era ou não ladrão. O que o ministro Fachin tentou fazer era que, quando estava se desmascarando e vendo que o juiz era ladrão, ele disse ‘não! Não vamos discutir a integridade do juiz porque o jogo era para ser em Brasília e não em Curitiba”.

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