movimentação suspeita

Jair Bolsonaro poderia ser investigado por desvio de recursos em ‘rachadinha’, diz ex-PGR

Assessores de Bolsonaro, enquanto o atual presidente ainda era deputado federal, sacaram R$ 551 mil em dinheiro vivo

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
Reportagem do Uol mostra que intenso volume de saques dos assessores de Jair é semelhante aos dos funcionários de Flávio

São Paulo – A quebra de sigilo bancário do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e de outras 100 pessoas investigadas no processo das “rachadinhas” também revelou indícios da prática no gabinete de seu pai, Jair Bolsonaro, quando ele ainda era deputado federal. Na prática, o suposto esquema envolve desvios de recursos públicos.

De acordo com reportagem do UOL, os assessores que trabalharam para Jair Bolsonaro, em seu gabinete na Câmara dos Deputados, sacaram 72% de seus salários em dinheiro vivo. Eles receberam R$ 764 mil líquidos, entre salários e benefícios, e retiraram R$ 551 mil. O intenso volume de saques dos assessores de Jair é semelhante ao dos funcionários de Flávio.

À colunista Juliana Dal Piva, do UOL, o ex-procurador-geral da República entre 2003 e 2005, Cláudio Fonteles, afirmou que, se o atual chefe do Ministério Público Federal (MPF), Augusto Aras, quisesse, o presidente Jair Bolsonaro já poderia ser investigado pelo esquema de rachadinhas.

“A meu juízo pode ser aberto um procedimento de investigação que pode ser concluído. Se o procurador achar que não há crime, ele pode se manifestar pelo arquivamento. Agora, se ele entender que há fatos para acusar, ele precisa aguardar que o presidente saia do cargo”, apontou Fonteles.

Nesta segunda-feira (16), o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) pediu que a PGR investigue as revelações feitas sobre ex-assessores do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o parlamentar, os fatos apontados pela reportagem indicam que o esquema ilegal implantado no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, investigado pelo Ministério Público do Rio, pode ter sido também usado por Jair Bolsonaro na Câmara.

Investigação em risco

O Ministério Público Federal apresentou, no último domingo (14), um recurso contra a decisão da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STF) que anulou a autorização de quebra de sigilo bancário do senador Flávio Bolsonaro e de outras 100 pessoas. No dia 22 de fevereiro, os ministros do STJ consideraram que faltou fundamentação na decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, ao quebrar o sigilo.

Os magistrados do STJ julgam, nesta terça-feira (16), dois recursos decisivos para o destino das investigações envolvendo Flávio Bolsonaro. Em um deles, a defesa do senador busca tornar nulas as decisões de Flávio Itabaiana, que determinou as quebras de sigilo e a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz em julho de 2020.

No outro processo, os ministros analisam o compartilhamento de dados do Coaf com o Ministério Público. As informações foram usadas como base para a denúncia apresentada contra Flávio em 2020 por lavagem, peculato e organização criminosa.


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