De mal a pior

Para 9,6%, Bolsonaro não tem defeitos e para 33,3%, nenhuma qualidade

Apenas 3,7% acham uma das “qualidades” de Bolsonaro ser “trabalhador” e 17,6% incluem entre seus “defeitos” ser despreparado. Desaprovação está em 51,4%

Metalúrgicos de Camaçari
Metalúrgicos de Camaçari
Funcionários da Ford em Camaçari: enquanto governo assiste passivamente à crise, 30% acham que desemprego vai ficar grave como está e 40%, que vai piorar

São Paulo – A desaprovação ao desempenho pessoal de Jair Bolsonaro à frente da Presidência da República aumentou para 51,4% dos brasileiros, segundo pesquisa CNT/MDA divulgada nesta segunda-feira (22). O índice subiu mais de 8 pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, de outubro do ano passado. Nesses quatro meses, o índice dos que aprovam o desempenho de Bolsonaro caiu de 52% para 43,5%. Atualmente, 33,3% dos entrevistados dizem que Bolsonaro não tem qualidades, enquanto apenas 9,6% acham que Bolsonaro não tem defeitos.

Curiosamente, entre os que atribuem alguma “qualidade” a Jair Bolsonaro, a mais citada é sinceridade (29,3%). Porém, “sinceridades” como “este é um país de maricas” ou “eu não te estupro porque você não merece” não expõem exatamente virtudes de uma pessoa. Outras “qualidades” apontadas pela pesquisa, que poderiam ser consideradas positivas – como honesto (11,3%), inteligente (8,4%), sempre busca o bem para o país (5%), justo 4,2% –, aparecem com nível bem baixo de menções. Por exemplo, apenas para 3,7% Bolsonaro é trabalhador, e 1,3% consideram que ele cuida dos pobres.

Principal qualidade

Bolsonaro qualidades e defeitos

Principal defeito

Bolsonaro qualidades e defeitos

Em contrapartida, entre os que atribuem mais defeitos do que qualidades a Jair Bolsonaro, 20,1% o veem como mal-educado, 17,6% como despreparado e 16,6%, autoritário.

Brasil de mal a pior

A pesquisa CNT/MDA revela ainda que os brasileiros estão pessimistas em relação à situação do país, sendo que para entre 68% e 76% as condições do emprego, da renda, da saúde, da educação e da segurança vão ou piorar, ou ficar como estão nos próximos meses, respectivamente.

Isso faz com que as taxas de rejeição e de aprovação tenham se invertido nos últimos quatro meses. Ou seja, a rejeição subiu, de 27% em outubro para 36% em fevereiro, enquanto a aprovação caiu – de 41% para 33%. Contudo, apesar do cenário de falta de uma liderança pública nacional para conduzir uma política articulada de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, a maioria ainda aprova a atuação do governo, 54,3%, enquanto 36% desaprovam.

E mesmo com o governo Bolsonaro tendo encerrado o pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 em dezembro, e condicionando uma possível retomada à redução do valor a menos da metade disso, 66,5% dos entrevistados consideram a atuação do governo federal ótima ou boa em relação ao auxílio para a população mais necessitada.

O dado revela vários níveis de desinformação da população. Primeiro, o auxílio proposto pelo governo no início da pandemia foi de R$ 200, mas o Congresso, empurrado pela oposição, conseguiu elevar o valor para R$ 600. Segundo, que o auxílio emergencial foi encerrado, empurrando milhões de brasileiros para uma situação de pobreza extrema. E terceiro: novamente pressionado, o governo condiciona uma retomada do auxílio à sua redução, além de forçar a aprovação de pautas impopulares pelo Congresso.

Confira síntese da pesquisa


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