Novas mensagens sugerem ‘parceria’ entre Gabriela Hardt e membros da Lava Jato
Deltan Dallagnol menciona a criação de uma “planilha Google” na qual seriam relatadas as prioridades do órgão acusador para a juíza
Publicado 12/02/2021 - 13h20
São Paulo – Em petição enviada ao Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira (12), a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva traz novos diálogos entre integrantes da Lava Jato demonstrando o conluio entre procuradores e juízo. Em uma das conversas, o coordenador da força-tarefa Deltan Dallagnol fala sobre uma “combinação” com a juíza Gabriela Hardt.
O procurador menciona a criação de uma “planilha Google” na qual seriam relatadas as prioridades do órgão acusador, inclusive com a classificação de prioridade (1, 2 ou 3). O diálogo é de 19 de dezembro de 2018. A juíza condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação penal relativa ao sítio Santa Bárbara, na cidade de Atibaia, em 6 de fevereiro de 2019.
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“Gente, importante: 1) Gabriela não sabe o que é prioridade. Há 500 processos com despacho pendentes e não sabe o que olhar. Combinei de criarmos uma planilha google e colocarmos o que é prioridade pra gente. Quem quiser que suas decisões saiam logo, favor criar e indicar os autos, prioridade 1, 2 ou 3 e Sumário ao lado, e me passar o link para eu passar pra ela”, diz a mensagem, mantida aqui a grafia original.
‘Os dois processos devem ser anulados’
As revelações provocaram reações nas redes sociais. “No auge do golpe, a LJ atuava nos bastidores e combinava movimentações com Juiz Moro no caso do tríplex e depois continuou combinando com a Juíza Gabriela Hardt no caso de Atibaia. Não há processo, há uma combinação de atos nulos e viciados. Os 2 processos devem ser anulados”, disse a professora de Direito Penal e Criminologia da UFRJ Luciana Boiteux, em seu perfil no Twitter.
Na segunda-feira (8), a Carta Capital revelou outros trechos de diálogos sugerindo proximidade entre a juíza Gabriela Hardt e integrantes da Lava Jato. Em um deles, o procurador Athayde Costa, em mensagem enviada em 16 de novembro de 2018, às 23h57, dizia: “e Gabriela é faca na caveira demais Pedi uma decisao hj e ja saiu”.
Naquele dia, a juíza havia decretado o bloqueio de 20 milhões de reais de treze alvos da 56ª fase da Lava Jato, sequestrando ativos de 38 empresas ligadas aos investigados pela operação “Sem Fundos”.