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Lula, nos 41 anos do PT: ‘Petista não pode desanimar nunca’

Lula diz que o “povo está precisando do PT mais do que em qualquer outro momento histórico” para reconstruir conquistas que estão sendo destruídas

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Lula: “Não é possível ver um país com tudo que conquistamos chegar ao processo de degradação que estamos vivendo por causa de um genocida que não pensa no Brasil"

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quarta-feira (10) da comemoração dos 41 anos do PT, chamando a atenção do partido para a necessidade de ir à rua “conversar com povo”. Ao relembrar conquistas que custaram muitos anos para serem alcançadas pelos trabalhadores e o país, Lula listou que o governo dos últimos anos está promovendo uma rápida destruição. “E não estamos conseguindo reagir, há um certo anestesiamento”, observou. “Cito isso para chamar a atenção do PT. Tem de compreender, ao completar 41 anos, que o povo brasileiro está precisando do PT mais do que em qualquer outro momento histórico. Precisamos ir pra rua conversar com o povo, que precisa se levantar, brigar. Essa política de terra arrasada vai transformar o Brasil numa república de bananas”, afirmou.

“Não é possível ver um país com tudo que conquistamos chegar ao processo de degradação que estamos vivendo por causa de um genocida que não pensa no Brasil. Só pensa nele, na família dele”, disse, criticando o presidente Jair Bolsonaro. “O que ele vai fazer a gente não sabe, mas nós temos de saber o que fazer: vamos à luta. Ou esse povo reage, ou vai ser vítima de coisas muito piores”, afirmou o ex-presidente, que se emocionou durante sua intervenção.

Com a participação de líderes de partidos de esquerda e de movimentos sociais do Brasil e no mundo, governadores, novas lideranças e figuras históricas, o PT organizou uma comemoração virtual. Vídeos relataram a história do partido criado por trabalhadores, intelectuais, militantes de esquerda, em 10 de fevereiro de 1980. No estúdio estavam a presidenta do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e o ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.


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Gleisi lembrou o que o partido viveu, desde o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, e a prisão de Lula, em abril de 2018. “Tudo isso atingiu milhões de pessoas condenadas ao desemprego, a viver sob governos que atacaram direitos dos trabalhadores, dos aposentados, as políticas públicas de distribuição de renda. Tornaram o Brasil um país subalterno.”

A deputada disse que se há 41 anos o PT é o “pesadelo” das elites, é também a esperança do povo. E afirmou que o partido não pode nem vai esperar Lula ter de volta seus direitos políticos via Justiça para colocar o bloco na rua. “Haddad tem o passaporte para cumprir esse papel. Tem de percorrer o país como fez em 2018. Construção deve começar por projetos para o país. Passamos por muitas coisas e nos mantivemos em pé. Quem tem laços com o povo não sucumbe à luta.”

Nas ruas

Fernando Haddad relatou sua relação com o partido, desde 1985. “Aquilo não era um partido de laboratório, nem aquele líder (Lula) era de laboratório”, disse, afirmando que a disposição de construir uma sociedade justa e igualitária não pode envelhecer.

“Em 2014 aconteceu um crime nesse país. O derrotados não aceitaram e derrota e o pesadelo que a gente vive hoje decorre disso. É esse inferno que nós temos obrigação de derrotar. E não esperar 2022, mas a cada dia. Nós sabemos o que um governo nosso seria capaz de fazer para preservar vidas e empregos na pandemia”, afirmou o candidato do PT à Presidência da República em 2018.

“Sei que estamos há quase um ano de isolamento e como os petistas contribuíram para não haver aglomeração. Mas retira sua camiseta do armário, tira a poeira, porque o PT começa a marchar, vai botar o bloco na rua. E isso significa muito para a elite brasileira: o bloco do PT está chegando e vai chegar”, disse Haddad, apostando na “força sobre-humana” da militância petista, “razão de ser do partido”. 


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A ex-presidenta Dilma Rousseff lembrou que o PT nasceu para ser diferente e subverter exclusões de raça, social, de gênero. “Depois de 41 anos continua sendo o partido mais popular do Brasil. Querido pelo povo e temido por quem tem aversão a ele”, disse, elencando feitos dos governos capitaneados por ela e por Lula. A maior redução da desigualdade da história do Brasil, as políticas sociais inclusivas como o Bolsa Família, a criação de empregos, o crescimento econômico e de renda dos trabalhadores. Também lembrou a queda no desmatamento da Amazônia, o Mais Médicos, o acesso à educação, a defesa do SUS.

“Os neoliberais se aliaram aos neofascistas”, disse, sobre os governos que fizeram as crises. “Assumidamente, Bolsonaro veio para destruir o que o PT construiu durante 13 anos”, criticou. “O PT continua vivo. E por ser o maior partido de massas do país, o PT deve articular uma grande aliança de esquerda com mobilização em torno de um programa de emergência, com vacina urgente para todos, auxílio emergencial, rejeição do teto dos gastos, anulação dos processos contra Lula, o impeachment de Bolsonaro”, receitou. “Enquanto a pandemia ainda passa por uma fase dramática, resultado do negacionismo e desprezo pela vida humana, temos de buscar formas alternativas de luta para reatar o nó da história interrompida em 2016.”

O povo precisa do PT

Lula foi o último a falar. Iniciou sua mensagem dizendo que está bem de saúde, inteiro. Ao vivo de sua casa, em isolamento em função da pandemia, Lula brincou que está gostando de ver Haddad cada vez mais socialista. E manifestou solidariedade às famílias das 235 mil pessoas vítimas do coronavírus e da irresponsabilidade do governo “genocida”. “A luta pela vacina é por todas as pessoas que gostam da vida.”

Sobre o dia “muito especial” para o PT, Lula disse que não é sempre que um partido político consegue completar 41 anos de idade. “No Brasil os partidos mudam tanto de nome. São cooperativas de deputados que se juntam para brigar pelo fundo eleitoral, partidário.”

Lula destacou que os 41 anos do PT trazem também o desafio de recuperar a confiança do povo brasileiro e reconstruir tudo o que ajudou o país a conquistar. “Para construir demora anos e anos, mas para destruir leva um dia. Estão desmontando em poucos meses o que foi construído em muitos anos”, afirmou, mencionando a Petrobras, as refinarias, a Eletrobras, os Correios e outras empresas públicas na mira de privatização pelo governo Bolsonaro.

Segundo Lula, o Brasil vive um momento em que não houve uma única melhora, em nenhum setor do país, desde a eleição de Bolsonaro. “A tarefa do PT é muito grande, petista não pode desanimar porque as coisas estão difíceis. Nascemos para falar por aqueles que não têm vez nem voz”, ressaltou.

“Nossa luta não tem fim. Tenho 75 anos. Não sei quanto tempo vou viver. Se minha vontade de viver 120 anos prevalecer, ainda tenho 45 pela frente. Mas se eu tiver um minuto, será dedicado à defesa do povo trabalhador”, disse.

Pepe Mujica no Twitter, sobre os 41 anos do PT