Comando do Centrão

Lira repete estilo Eduardo Cunha no comando da Câmara, diz analista

Novo presidente da Câmara testa os limites do seu poder, reproduzindo estilo autoritário que caracterizou o antigo líder do Centrão, segundo a cientista política Rosemary Segurado

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Lira é resultado do Congresso mais fragmentado e conservador desde a redemocratização

São Paulo – Oscilando entre o discurso da conciliação e a confrontação aberta, o recém-eleito presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), testa os limites do seu poder. Após cancelar a eleição para os demais cargos da Mesa Diretora, os partidos que formaram o bloco de apoio a Baleia Rossi foram até o Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, Lira recuou, admitindo negociar com partidos como o PT e o PSDB. A definição da distribuição desses cargos ficou para esta quarta-feira (3), após novo adiamento.

De acordo com a cientista política Rosemary Segurado, professora da PUC-SP e da Fundação Escola de Sociologia e Política (Fesp-SP), a ascensão de Lira também é resultado do Congresso mais fragmentado e conservador desde a redemocratização. Além disso, também representa a ascensão dos partidos do Centrão, bloco que se notabilizou durante a gestão do então presidente Eduardo Cunha (MDB-RJ).

“É nesse contexto que uma figura como Lira chega à presidência da Câmara dos Deputados. Ao que parece, ele tenta reimprimir o estilo de Eduardo Cunha. Vai fazendo um teste da sua própria força frente à Casa. Seus primeiros gestos oscilam entre uma postura autoritária e a negociação”, afirmou Rosemary, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (3).

A analista destaca que ocupar “brechas” no comando da Câmara é importante. Mas “muito pouco” para conter os ataques do governo “genocida” de Jair Bolsonaro. Segundo Rosemary, os partidos de oposição do campo progressistas “se distraíram” com essa possibilidade de obter “migalhas”. Além disso, confiaram demais no deputado Rodrigo Maia. Além de não ter a alegada liderança, ele teve papel crucial para a aprovação da reforma da Previdência, que representou uma derrota para os trabalhadores.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira


Leia também


Últimas notícias